Postado em 9 de junho de 2020

Os botões

Autor(a): Humberto Azevedo

O que é um botão? Pelo léxico, botão é um termo relativo às ciências botânicas. Morfologicamente é o mesmo que a gema, do ovo. Assim como também pode ser usado frequentemente para apontar uma protuberância. Aquilo que se destaca na parte mais elevada de uma superfície. Assim como também podemos representá-los como uma saliência, uma proeminência e uma excrescência.

Diz o léxico, ainda, que um botão é também uma flor antes desta se desabrochar. Mas, no senso comum, o botão, ou os botões, servem para significar também a peça que é utilizada para abotoar um agasalho, uma calça ou apenas servir de adorno nas vestimentas. É também muito comum a frase, quando estamos reflexivos, falarmos ou pensarmos algo do tipo: vou consultar meus botões.

Os botões essencialmente retratam o início da vida. Vida que geralmente entramos nela sem saber por quais razões ou cargas d'águas calhamos vivê-la. Saímos da vida também sem muito entender qual foi o objetivo de vivê-la. Por mais que a filosofia, a ciência ou a religião apresente argumentos de que mesmo ao acaso, por coincidência, ou por benção de deus se forma a vida, sabemos instintivamente que toda forma de vida importa.

Os botões também representam o sinal dos tempos em que com os nossos dedos podemos dar início as mais variadas bugigangas e parafernálias que nos cercam nestes tempos pós-modernos. Seja a de um simples controle remoto de um aparelho televisivo, seja o disparo de bombas destruidoras em aeronaves militares, ou de armas nucleares e biológicas.

Os botões, assim como nós, são formados pelos átomos e moléculas que compõem a estrutura da vida. Por mais diferente que possa ser uma vida animal ou vegetal. Os quatro elementos básicos (água, ar, terra e fogo) da natureza estão presente em tudo que existe. Assim se explica a vida e pode-se responder a uma eterna pergunta, como fazia com maestria o saudoso Antônio Abujamra, quando este questionava seus entrevistados em o que é a vida?

E mesmo após a evolução histórica a distinção entre seres de uma mesma espécie persiste, sobretudo e exclusivamente na humana. Como se houvesse diferença na vida do menor dos seres para o maior. E ainda mais quando a diferença seria a graduação de mais ou menos melanina.

O ano de 2.020 que já viria a ser marcado pelo retorno de uma peste que assolou os seres humanos após um século de controle das epidemias, passará também a ser o ano de um novo marco na construção das relações humanas. Graças a um policial norte-americano que brincando de deus pôs fim a vida de um semelhante da maneira mais cruel que nem o velho testamento seria capaz de narrar.

Em resposta ao assassinato frio que tão bem demonstra a era atual em que vivemos, uma multidão supra-racial invadiu às ruas das principais cidades dos Estados Unidos protestando contra séculos de maus-tratos a população descendente de africanos que aportaram no continente americano para servir de mão de obra escrava aos produtos da nova terra roubado por europeus das populações nativas que aqui já habitavam e viviam.

A morte de Geordie Floyd que terá um funeral digno daqueles destacados aos chefes de Estado mudou para sempre a história humana. A reeleição do ainda presidente norte-americano, Donald Trump, que estava cada vez mais complicada devido ao cenário pandêmico, se tornou praticamente impossível com os acontecimentos dos últimos dias naquele país. E este fato restrito a sociedade norte-americana acarretará impactos nos mais distintos botões espalhados por este planeta, ovalado, chamado Terra que não é plana.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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