Postado em 4 de junho de 2019

O jogo jogado, ou a rendição

Autor(a): Humberto Azevedo

 A 21ª semana em que o governo da “nova era” se instalou sob as nossas cabeças e, sobretudo, sobre os nossos bolsos, colocou na mesa de negociação o limite do jogo que até então vem sendo jogado e que todos estão perdendo. Não há vencedores e nem vencidos. Só derrotados. Sejam os 32, 7 milhões de trabalhadores registrados e que não sabem se continuarão com suas carteiras assinadas, sejam os 37,3 milhões de informais que buscam a sobrevivência como podem. Sobretudo os 13,8 milhões de desempregados que desalentados e desesperançados só vem a amargura de um Brasil rico cada vez mais pobre.

Incluído aí os 5,5 milhões de brasileiros que desempregados por mais de um ano desistiram de conseguir uma recolocação profissional que lhe garanta o próprio sustento e que nos bicos cada vez mais comuns vão se desenhando como a única solução de continuar vivendo. Em cima desta tragédia se instalou o atual governo que vê cada vez mais sua relação institucional com os parlamentares – sobretudo – os deputados se avinagrar. A relação que nunca foi boa parece que ganha ares cada vez mais de desagravo. E montados sob os votos de mais de 58 milhões de brasileiros debocham dos inquilinos da outra Casa pertencente ao Poder Legislativo que não diferentes foram colocados ali também pela soberania popular. Nem mais, nem menos.

Em meio ao fogo que tomou conta das ruas provocados pelos insatisfeitos estudantes, professores e pesquisadores que veem nas decisões tresloucadas de um governo tungar os parcos recursos destinados ao ensino superior, a revolta foi sentida como um elemento de provocação de gente que não votou eleitoralmente neste governo – mas que igualmente é governado por ações ideológicas que tem como objetivo combater o ideologismo alheio. E, assim, em plena guerrilha virtual e partidária o governo vê derreter suas primeiras ações estabelecidas através de medidas provisórias com força de lei perderem eficácia e terem essas ideias como destino o arquivo por pelo menos 360 dias.

A primeira destas medidas é a 863 que alterando o Código Brasileiro de Aeronáutica pretende oferecer as companhias aéreas estrangeiras a aquisição de 100% das nossas empresas que operam no setor aeroviário. Fora a medida que causa raiva nos passageiros das aeronaves que passam a ter que pagar, inclusive, adicionalmente por suas bagagens. Concretizando a derrota do governo até a próxima quarta-feira, 22 de maio – dia da Nossa Padroeira Sta. Rita de Cássia, pelo menos os consumidores do transporte aéreo comemorarão a queda de iniciativa que determina a cobrança adicional de suas malas.

E, a partir daí, o governo teria que votar em duas semanas mais cinco medidas provisórias para garantir que a reestruturação que foi desenhada após a eleição para o exercício das funções, do arquétipo e do modelo que se pretende impor a administração pública até o final de 2.022. Mas se não consegue impedir a convocação de um de seus ministros falastrões que confessa que a política de contingenciamento decorre de decisões para evitar a “balburdia” de universitários, pensem se terá condições de estocar votações relâmpagos de medidas para lá de polêmicas.

Antevendo o afunilamento e o asfixiamento de grande parte da sociedade brasileira que não tolera mais um governo inepto, o dono da cadeira ofertada pelo povo – do seu jeito – procurou se manter em seus sustentáculos sociais que ainda lhe oferecem apoio. Falando antes em “tsunami” e agora – repetindo Jânio Quadros, logicamente sem a inteligência e o refinamento do linguista – dispara em suas redes privadas no ambiente virtual que o país se encontra “ingovernável” - porque não consegue fugir das pressões das corporações.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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