Postado em sábado, 20 de agosto de 2022 às 12:12

Corte orçamentário obriga Unifal a reduzir investimentos e concessão de auxílios aos estudantes

Recomposição orçamentária é imprescindível para o funcionamento efetivo das atividades universitárias em 2023, avalia a Universidade.


 Da Redação

A Unifal (Universidade Federal de Alfenas) vem sofrendo redução no orçamento anual e cortes de recursos financeiros desde 2016. Somente em 2022, o corte chegou a R$ 2.991.147,00. Equivalente a 7,2% do recurso da Universidade, esse corte impacta as atividades de ensino, de pesquisa, de extensão, a assistência estudantil e a manutenção dos campi universitários, oferecendo risco para o efetivo funcionamento da Universidade. A situação preocupante foi apresentada pela Reitoria em Audiência Pública realizada no último dia 09 com transmissão pelo Youtube. Confira a transmissão ao final da reportagem.

Diante desta situação, compartilhada com todas universidades federais, a Unifal aplicou cortes de 7,2% a 20% nas verbas direcionadas às atividades universitárias e na manutenção dos campi. A medida tomada permite a continuidade das atividades universitárias, porém, conforme explicou o reitor da Unifal, Sandro Amadeu Cerveira, na audiência pública, “sacrifica” muitas possibilidades de novos investimentos e de avanços na Universidade.

O orçamento aprovado para 2022 foi de R$ 41.587.550,00. Desse valor, R$ 5 milhões foram concedidos especificamente para a construção da nova Clínica de Odontologia, restando R$ 36.587.550,00 para aplicação nas outras áreas. Com o corte, os recursos disponíveis caíram para R$ 33.596.403,00. Em 2016, esse valor era de R$ 45.171.594,00.

 


De acordo com o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Institucional, Lucas Cesar Mendonça, além da redução expressiva de mais de R$ 11 milhões, a inflação do período corroeu o poder de compra e de contratação da Universidade em 43%. “Para 2023, caso esse cenário permaneça, considerando reajustes contratuais e preços dos insumos, deverá ser feito um ajuste em torno de R$ 5 milhões em relação à Proposta Orçamentária de 2022”, observou.

Todas as áreas afetadas

Os cortes orçamentários atingiram todas as áreas da Universidade. Para o pró-reitor de Graduação, Wellington Ferreira Lima, entre as consequências está o sucateamento da experiência de aprendizagem, pois o aluno deixa de ter o aprendizado sobre algo e a possibilidade de oferta de mais vagas nos cursos superiores por falta de investimento em infraestrutura. “Quando falamos em corte orçamentário, nós estamos falando de ausência de uma experiência formativa”, destacou.

Na pesquisa, a estratégia usada para manter as bolsas institucionais de iniciação científica e tecnológica e de pós-graduação foi deixar de investir em novos equipamentos. “Nós não vamos parar. Nós não queremos parar. Mas nós somos um paciente vivendo em aparelhos […]. Pesquisa se faz com recursos financeiros e com pessoal”, pontuou a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Vanessa Bergamin Boralli Marques ao alertar que a situação pode comprometer a estrutura laboratorial.  

O reitor Sandro Cerveira alerta que não há boas gestões que suporte os cortes progressivos de recursos (Foto: Ascom/Unifal)

 


Para a extensão universitária, o corte no orçamento representa redução no potencial de prestação de serviços à comunidade. Em 2016, foram concedidas 1050 bolsas para programas e projetos de extensão. Neste ano, os recursos disponíveis possibilitaram a concessão de 554 bolsas.

Os cortes na verba de assistência estudantil afetam a permanência do estudante no ensino superior. Na Unifal, os estudantes de graduação, de acordo com o perfil socioeconômico, podem ter acesso aos auxílios permanência, alimentação, creche e atividades pedagógicas. O número de atendidos tem sido reduzido ao longo dos anos e, atualmente, existem 90 estudantes na lista de espera para o auxílio permanência e 152 solicitações. Em 2016, o benefício está reduzido a 806 universitários.

Não há boa gestão que suporte

O reitor ressaltou que não houve um colapso nas atividades universitárias diante das medidas administrativas adotadas ao longo dos anos, no entanto, aponta: “Não há boa gestão que suporte a continuidade do que nós estamos vivendo. Não tem magia. Nós avançamos […] na organização da nossa universidade para garantir [o funcionamento] mesmo com todas as dificuldades. […] Se não conseguirmos juntar forças com todos os reitores e reitoras e aquelas pessoas que acreditam na importância da Universidade Pública para haver uma reversão para 2023, o cenário é realmente catastrófico”, concluiu Cerveira.



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