Postado em quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022 às 09:13

“Gastronomia é sinônimo de amor”: conheça a história do chef que largou a cozinha de restaurantes para lutar contra a fome nas ruas

O projeto social criado pelo chef Julio Ritta já distribuiu mais de 100 mil toneladas de alimentos


 Nascido em Curitiba, Julio Ritta teve contato com a cozinha desde muito cedo, por influência da mãe, que era dona de restaurante. Em sua carreira como chef, cozinhou em países da Europa, como Alemanha e Inglaterra, e percorreu diversas cidades do Brasil em busca de experiência, dialogando com a culinária e a realidade local.

Essa mesma realidade o fez mudar drasticamente o rumo da profissão. Deixou o comando das cozinhas de restaurantes consolidados, incluindo seus próprios negócios, para se dedicar à luta contra um problema que assombra o país há anos: a fome.

No Brasil, mais da metade da população sofre pela falta de alimento no prato. São cerca de 116 milhões de brasileiros que se enquadram nas estatísticas de insegurança alimentar, conforme os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). E, se deparando com a situação social do país, Julio decidiu colaborar com o que ele acreditava unir as pessoas, a gastronomia.

– As pessoas que estão nas ruas não são pedaços de pano ou um objeto atirado. São pessoas com sonhos e com projetos de vida que muitas vezes são interrompidos no meio do caminho. Isso me motivou a largar a cozinha, porque entendi que o que a gente deixa nessa vida não é levado para o outro lado – conta Julio.

O contato com a realidade da rua sempre rodeou o cozinheiro, seja nas pistas de skate, seja através da música, como o rap e o rock. Foi inspirado em um flashmod de mil músicos tocando Foo Fighters para chamar atenção da banda, na Itália, que o chef decidiu unir forças em prol da luta contra a fome.

Ao invés de músicos, convocou amigos da profissão, cozinheiros e voluntários apaixonados por colocar a mão na massa e realizaram uma ação coletiva para alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade social. Foi, então, que nasceu o projeto Cozinheiros do Bem, os Food Fighters.

A ideia inicial não era repetir a ação, mas as reações e o sentimento de gratidão vindo de quem ganha as marmitas mobilizou Julio para estender a iniciativa.

– Muitas vezes, dentro de uma cozinha, a gente preparava o alimento, as pessoas pagavam pela comida e não tinham o sentimento de gratidão pelo alimento. Isso foi o que mais me motivou a ir para as ruas – relembra.

A iniciativa ganhou fôlego e já atua há sete anos nas ruas de Porto Alegre, além de realizar parcerias e doações para outros Estados. A proposta principal do projeto é levar amor através da comida e os pratos são no estilo comfort food, uma tentativa de despertar a memória afetiva das pessoas em situação de rua, para lembrá-las de suas famílias e seus antigos lares.

– O alimento para mim é muito mais do que a base da sustentação do ser humano. Eu acredito que o alimento te proporciona memórias e momentos que podem ser únicos e inesquecíveis – pontua.

Julio, por muitos anos, trabalhou instaurando controle de qualidade em cozinhas internacionais e nacionais. Ele leva o mesmo padrão para as cozinhas improvisadas do projeto social: desde a escolha de ingredientes selecionados até a compra de produtos locais.

– O maior controle de qualidade é estar ciente que, quando estamos cozinhando, mesmo que seja de graça e para uma pessoa que não tem condições de pagar, ela merece receber o mesmo prato com a qualidade de um restaurante estrelado – explica o chef.

O projeto Cozinheiros do Bem se sustenta, atualmente, com doações e parcerias, além de vender sua linha de produtos que revertem os valores em compras de cestas básicas e mantimentos para a produção das marmitas. As formas de contribuir com a iniciativa são por meio de doação e através de trabalho voluntário, nas ações que acontecem semanalmente.

FONTE: Gauchazh



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