Postado em 21 de novembro de 2023

LAUDATE DEUM

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

 Com a publicação da Exortação APOSTÓLICA LAUDATE DEUM (Louvai a Deus), sobre a crise climática, escrita pelo Papa Francisco, mais uma vez ficam evidenciadas a lucidez e a postura profética do Bispo de Roma.

Logo no início da carta Apostólica é citado São Francisco de Assis, que soube reproduzir a sensibilidade de Jesus para com as criaturas de seu Pai: “Aprendei dos lírios do campo, como crescem. Não trabalham, nem fiam, e, eu vos digo, nem Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um só dentre ele” (Mt 6,28-29).

Após oito anos da publicação da Encíclica LAUDATO SI, Francisco reconhece que, “não estamos reagindo de modo satisfatório, pois este mundo que nos acolhe está se desfazendo e, talvez, aproximando de um ponto de ruptura”. Apresentando uma série de informações e reflexões, nos leva a compreender que trata-se de um problema global que está intimamente ligado à dignidade humana.

Argumenta que os sintomas de alterações climáticas são apenas expressões variadas da mesma causa, o desequilíbrio global causado pelo aquecimento do planeta. Critica aqueles que na tentativa de simplificar essa realidade culpam os pobres por terem filhos demais, e procuram resolver o problema mutilando as mulheres de países menos desenvolvidos.

Com precisão coloca o dedo na ferida quando diz que, “a crise climática não é propriamente uma questão de interesse das grandes potências econômicas, que se preocupam em obter o maior lucro ao menor custo e no mais curto espaço de Tempo”. Como fez na Laudato Si, nos oferece uma breve explicação do paradigma tecnocrático que está na base do processo atual de degradação ambiental.

Trata-se, segundo Francisco, de um modo desordenado de conceber a vida e a ação do ser humano, que contradiz a realidade até ao ponto de a arruinar. Como consequência lógica desse paradigma, esclarece: “passa-se facilmente à ideia de um crescimento infinito ou ilimitado, que tanto entusiasmou os economistas, os teóricos da economia e da tecnologia” e alerta dizendo, “nem todo aumento de poder é um progresso para a humanidade”.

Diante desse paradigma tecnocrático, que destrói as relações saudáveis e harmoniosa, o Pontífice defende a urgência de desenvolvermos a consciência de que o mundo que nos rodeia não é objeto de exploração, utilização desenfreada, ambição sem limites. Faz uma provocação inquietante, “o mundo canta um Amor infinito, como não cuidar dele?”.

Buscando nos motivar espiritualmente diante dessa crise climática/civilizacional, Francisco aponta que “O Universo se desenvolve em Deus, que o preenche completamente. E, portanto, há um mistério a contemplar numa folha, numa vereda, no orvalho, no rosto do pobre”. De maneira pedagógica conclui a carta evidenciando as razões do título, Laudate Deum, “um ser humano que pretende tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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