Debate em plenário “esquenta” e maioria rejeita informações sobre vale-transporte

 Alessandro Emergente

Uma sessão cheia de troca de farpas e debates acalorados em plenário. Assim foi a reunião legislativa desta segunda-feira, que contou com sugestões de CPIs para investigar os governos passado e atual, além da rejeição de requerimentos que pedia informações sobre a concessão de vale-transporte, que revela uma diferença de 80% entre um governo e outro.  

Bem antes da rejeição aos requerimentos, o clima já se mostrava mais acalorado como o de costume, dando o tom do que pode se transformar a disputa eleitoral de 2016. Vereadores da oposição e próximos do PT acusaram os governistas de lançarem informações na tentativa de desgastar o ex-prefeito Luiz Antônio da Silva (Luizinho/PT), que deve ser candidato em 2016.

O petista Vagner Morais (Guinho) chegou a levar um retrovisor de veículo para o plenário para dizer que alguns vereadores estavam mirando a gestão anterior, quando na verdade foram eleitos para fiscalizar o atual mandato. Acusou que a preocupação em desgastar o ex-prefeito é porque ele aparece bem avaliado, em pesquisas internas sobre a preferência do eleitor para a sucessão do prefeito Maurílio Peloso (PDT).

“Eu assino a CPI”

Pouco antes, o líder do governo na Câmara Municipal, José Luiz Bruzadelli (PSDB), chegou a surpreender, quem acompanhava a reunião, ao dizer que assinava um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o contrato de fornecimento de mão de obra, pela empresa Eixo-Sul, à prefeitura de Alfenas. O caso foi levado ao plenário quando Bruzadelli era o secretário municipal de Habitação, que chegou a usar a tribuna para rebater as acusações.  

O tucano disse que aceitaria assinar o pedido de CPI para investigar o contrato com a Eixo-Sul, se colocando na condição de investigado. No entanto, defendeu que era preciso investigar todas as suspeitas, tanto do atual governo quanto do anterior. “Tudo aberto. Eu assino”, declarou ao responder uma provocação do vereador Enéias Rezende (PRTB), que sugeriu a CPI.

Vale-transporte

Na semana passada, o vereador Elder Martins (PROS) levantou, em plenário, o assunto sobre a diferença de despesas com vale-transporte entre os anos de 2012, o último da gestão do PT, e 2013, o primeiro do governo do PDT. Na pauta dessa sessão, haviam dois requerimentos de sua autoria solicitando mais informações sobre o tema. Os dois foram rejeitados por 6 a 5. 

Foram contrários aos requerimentos os vereadores Guinho, Antônio Carlos da Silva (Dr. Batata/PSB), José Carlos Morais (Carlinhos Vardemá/PROS), Paulo Agenor Madeira (Paulinho do Asfalto/PRTB), Enéias Rezende (PRTB) e Evanílson Pereira de Andrade (Ratinho/PHS). 

Favoráveis aos requerimentos votaram, além de Elder, os vereadores Bruzadelli, Hesse Luiz Pereira (PSDB), Waldemilson Bassoto (Padre Waldemilson/PROS) e Jairo Campos (Jairinho/PDT).

Nos requerimentos, Elder solicitava a convocação do atual secretário municipal de Administração, Paulo Henrique Santos Pereira, para prestar esclarecimentos sobre o assunto, além de informações como o número de servidores e de alunos da rede pública beneficiados com o vale-transporte, de 2010 a 2014. Um terceiro requerimento, solicitando informações sobre estoque de merenda escolar na transição de governo, também foi rejeitado pelo plenário.

Argumentos pela rejeição

Os vereadores, contrários a aprovação dos requerimentos, fizeram diversas argumentações justificando seus posicionamentos. Além do uso político, apontaram que o governo anterior prestava uma assistência maior a população, o que pode explicar a diferença nos gastos. Além disso, alegaram, a aquisição de vales-transportes pelos servidores para revendê-los era uma prática comum, uma vez que os mesmos eram de papel. Com a implementação dos cartões, a revenda ficou impossibilitada.

Guinho chegou a elogiar o ex-prefeito Hesse - hoje vereador - por, em sua trajetória política, não utilizar a tática de desgastar imagens de adversários e opositores. A frase foi devido ao entendimento de que os governistas têm divulgado informações com a finalidade de desgastar possíveis adversários políticos.

De forma irônica, Padre Waldemilson parabenizou o grupo de vereadores contrários ao requerimento porque, dessa forma, chamaram a atenção da imprensa, o que não ocorreria com o mesmo destaque caso houvesse a aprovação, sem alardes. Pouco antes, Elder já havia questionado o porquê de tanta resistência em simples pedidos de informações. 

A reunião revelou momentos de tensão. Em um desses momentos, Guinho se referiu a Padre Waldemilson como “segundo líder do Governo” em um tom provocativo e irônico. Pouco depois, o vereador do PROS foi até a cadeira de Guinho e chamou a sua atenção. Por alguns minutos, demonstrando insatisfação, Padre Waldemilson falou com Guinho.

“Não estou preocupado com a imprensa”

Ao responder o comentário de Padre Waldemilson, Guinho disse não estar preocupado com o que é publicado pela imprensa. O vereador debochou dos veículos de comunicação ao dizer que a imprensa sempre “fala mal dele” e que sempre foi reeleito. Depois disso, ironizou ao afirmar que o dia que a imprensa mencioná-lo de forma positiva, talvez perca a eleição.

O vereador já se manifestou diversas vezes contra a imprensa local e regional, inclusive dizendo que a EPTV ia na Câmara Municipal “encher o saco”. Ao criticar o noticiário negativo, o vereador se referia a veiculação de informações como condenações da Justiça por uso de diárias sem respaldo legal, pagamento de notas fiscais falsas quando era presidente da Câmara, entre outros. A mais recente foi a condenação para o pagamento de indenização a um policial militar por declarações em plenário. 

Quem também aproveitou a sessão para criticar a imprensa foi Dr. Batata, ao dizer que radares serão instalados em Alfenas e que é preciso reconhecer o mérito da Câmara Municipal. Disse que recebeu críticas da imprensa, referindo-se a uma reportagem do Alfenas Hoje em julho. Na época, o parlamentar cobrou dos jornalistas, que acompanham as sessões legislativas, matérias sobre a instalação de radares em cidades da região como Fama e Serrania, mesmo sendo veículos de comunicação que priorizaram a cobertura de pautas locais e não regionais como era o caso. 

Durante a sessão, o chefe de gabinete da Secretaria de Educação e Cultura, Reinaldo Zerbini Júnior, usou a tribuna para comentar sobre a devolução de duas embarcações ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE).

Em Tempo

Após a publicação da reportagem, Dr. Batata complementou as informações nas redes sociais, dizendo que as instalações de radares na BR 369 foram iniciadas e já foram projetadas as instalações na MG 179, entre Alfenas e Machado. As ações dão continuidade as instalações de radares nas rodovias como ocorreu na BR 491, que abrange outros municípios da região como nas proximidades dos trevos de Fama e de Serrania.