Postado em sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Religião que mantém site com o maior número de língua de sinais do mundo é perseguida na Rússia

O Site mais traduzido do mundo, com 1007 idiomas. As pessoas que professam essa fé estão sendo acusadas, torturadas e presas naquele país


 Em momento que se fala tanto de liberdade religiosa e de expressão em todas as partes do globo, as Testemunhas de Jeová na Rússia enfrentam ataques violentos: invasões, interrogatórios, detenções e, por vezes, até tortura física. “O direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião” é um direito humano fundamental, conforme o Artigo 18 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, mas na prática a realidade pode ser bem diferente.

Daqui dois dias, na próxima quarta-feira, 22, deverá ser proferido o veredicto do caso contra Roman Markin e Viktor Trofimov, Testemunhas de Jeová. Essas pessoas foram presas apenas por estarem praticando sua fé de modo pacífico ou compartilhando suas crenças com outros. A promotoria solicitou que o tribunal os sentencie a até seis anos e meio de prisão. A religião é proibida na Rússia.

Em 31 de dezembro de 2019, havia 32 Testemunhas de Jeová presas ou condenadas à prisão, outras 28 em prisão domiciliar e outras 121 que não podiam sair de sua cidade. Todos foram acusados de organizar, participar ou financiar a atividade de uma organização considerada “extremista”. Pelo menos 300 Testemunhas de Jeová, entre 20 e 89 anos de idade, estão sob investigação por lá.

Mesmo vindo de centenas de grupos étnicos e falando centenas de idiomas, as Testemunhas de Jeová se apresentam como sendo “unidos pelos mesmos objetivos”, sendo o mais importante deles “honrar a Jeová, o Deus da Bíblia e o Criador de todas as coisas”.

Na Era Digital em que vivemos, as sociedades estão imersas em um mar de dados e informações. No entanto, há muitos grupos a quem boa parte dessas informações não chega por falta de acessibilidade, como as pessoas surdas e as cegas, por exemplo. Preocupados em divulgar princípios e histórias bíblicas, material educativo baseado no livro sagrado e a própria bíblia a todo tipo de pessoas, as Testemunhas de Jeová mantém seu site oficial, JW.ORG, que cresce em idiomas a cada dia, atingindo hoje 1007 línguas.

100 línguas de sinais


Foto:Jw.org

Pessoas surdas do mundo inteiro podem ter acesso às mesmas informações que os ouvintes por meio do JW.ORG. Eles atingiram a impressionante marca de 100 línguas de sinais, como a Língua de Sinais de Samoa, Malta, Fiji, da Finlândia, Irlanda, Jamaica, Nicarágua, entre tantas outras, além, claro, da Língua Brasileira de Sinais, a Libras.

Para as Testemunhas de Jeová, uma organização internacional com mais de 8,5 milhões de pessoas no mundo todo, viabilizar o acesso à informação bíblica para diferentes perfis de interessados é uma premissa básica. Outra prova disso é que a própria bíblia, denominada Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, também é traduzida completa ou em parte para diferentes línguas de sinais.

Há um mês, eles finalizaram e lançaram um projeto que começou em 2014: a parte grega das Escrituras (que algumas pessoas chamam de Novo Testamento) em Língua de Sinais Argentina. “No passado, quando eu não tinha a Bíblia em língua de sinais, eu tentava muito ler a tradução em espanhol, mas eu não conseguia entender o que lia. Agora, com essa tradução nova e simples, eu sinto que minha relação com Jeová está mais forte”, diz Laura Losada, Testemunha de Jeová surda. Essa foi a primeira vez que as Escrituras Gregas Cristãs foram traduzidas para esse idioma. As Testemunhas de Jeová também lançaram recentemente a Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada em língua de sinais indiana, peruana, equatoriana e parte dela na língua de sinais japonesa.

Uma campanha de terror

Embora as Testemunhas de Jeová se preocupem com a inclusão de todas as pessoas e seu acesso às informções bíblicas, o cerco na Rússia tem se intensificado nos últimos anos. Em 15 de fevereiro de 2019, em Surgut, autoridades policiais torturaram sete homens Testemunhas de Jeová depois de terem feito buscas nas casas de várias delas na região. As vítimas foram forçadas a tirar a roupa, sufocadas, encharcadas com água, espancadas e receberam choques elétricos. A tortura aconteceu no primeiro andar do escritório da Comissão de Investigação Russa, em Surgut. Eles estavam sendo investigados por supostamente ‘organizar a atividade de uma organização extremista’.

Oficiais tentam justificar suas ações com base na proibição da entidade jurídica das Testemunhas de Jeová pela Suprema Corte (não de indivíduos praticarem sua fé) que ocorreu em abril de 2017 e por meio da má aplicação do artigo 282 do Código Penal.

Desde 2017, as autoridades russas têm confiscado as propriedades das Testemunhas de Jeová e invadido suas reuniões pacíficas e seus lares. Entidades internacionais de proteção aos direitos humanos e especialistas têm denunciado o desrespeito à liberdade individual por parte das autoridades russas. O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária (WGAD) condenou a perseguição sistemática às Testemunhas de Jeová na Rússia.





Fonte:Universodainclusao



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