Postado em 1 de maio de 2019

Ter uma doula

Autor(a): Daniela Rosa

Em 27 de janeiro de 2011 eu cheguei pela primeira vez a uma reunião do grupo Samaúma, em Campinas. Um grupo dedicado, ainda hoje, ao compartilhamento de informações que torna a experiência da gestação, parto e pós-parto a mais informada e livre de mitos possível. O grupo seria a grande inspiração para o Materna Alfenas que eu fundaria anos mais tarde, e o espaço onde suas reuniões se davam, o Sabiah, em Barão Geraldo, seria também inspiração para o Espaço Sankofa, que criei em 2014 e que abriga, até hoje, meu trabalho e atuação aqui na cidade..

Na ocasião eu vivia a minha primeira gestação descoberta algumas semanas antes, e na chegada ao Sabiah fui recebida por duas mulheres. Mães. Ambas psicólogas e doulas! Era a primeira vez que conhecia tais profissionais que ao longo de todo meu processo de gestar e parir meu primeiro filho (e anos mais tarde, o segundo) foram essenciais, junto a outras doulas, médicas e psicólogas, para tudo que eu aprenderia sobre o papel de uma doula no cenário do parto.

Aprendi que a doula é uma profissional que durante o trabalho de parto oferece à gestante suporte físico e emocional. Auxilia na mudança de posições, oferece suporte para cada posição, caminha, alimenta, conversa, ou silencia. Oferece massagens, técnicas de respiração. Aprendi ainda que o papel da doula pode ter início bem antes do parto e prosseguir depois. Antes, ela recebe a gestante e um(a) acompanhante para conversar sobre o parto, sobre as vias de nascimento e sua fisiologia. Tira dúvidas, apresenta textos e vídeos sobre parto. No pós-parto (puerpério) ela oferece suporte para os primeiros cuidados com o bebê, tira dúvidas e auxilia na amamentação e na organização da nova conformação familiar.

Aprendi ainda que a palavra doula tem origem no grego e significa “a mulher que serve¨. A esta altura, no decorrer dos meses em que frequentei as reuniões do grupo eu já tinha me convencido a ter esta profissional ao meu lado durante meu parto. E assim foi feito, tive profissionais que zelaram para que eu experimentasse o momento tão fundamental de minha vida da manheira mais respeitosa. E tive ainda a sorte de encontrar médicas que, tendo aprendido que já há evidencias científicas dos benefícios da presença de uma doula, também gostam de trabalhar tendo estas profissionais como parte da equipe.

E de tanto aprender a respeito desta função, depois de ter eu mesma iniciado a coordenação de um programa de apoio a gestante do município de Alfenas (o PAGE que coordenei entre agosto de 2017 e fevereiro de 2019) e depois de 5 anos coordenando o grupo Materna Alfenas decidi me tornar uma doula. Mas este é assunto para nossa próxima conversa aqui nesta coluna. Que retomo, aliás, depois de um longo período afastada e o faço justamente no mês das mães, afinal de contas todas as mães merecem uma doula. Por que como escreveu o médico John H. Kennell: "Se a doula fosse um remédio seria antiético não receitar¨.

Daniela Rosa
Cientista Social
Socióloga, Doula, Educadora Perinatal, Facilitadora do aleitamento materno, Consultora Educacional , Coordenadora do Espaço Sankofa-Saberes Compartihados no Município de Alfenas e membro da comissão científica do SIAPARTO (Simpósio Internacional de Parto)

http://www.facebok.com/sankofasaberescompartilhados


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