Postado em domingo, 16 de março de 2014
às 11:07
Motorista da prefeitura dirigia com CNH falsa; ele foi afastado da função
A irregularidade só foi descoberta quando o motorista se envolveu em um acidente na Praça Dr. Emílio da Silveira.
Alessandro Emergente
Com uma carteira nacional de habilitação (CNH) falsa, um funcionário da prefeitura de Alfenas vinha exercendo a função de motorista normalmente. A irregularidade só foi descoberta, no mês passado, quando Paulo Alves da Silva, de 50 anos, se envolveu em um acidente na Praça Dr. Emílio da Silveira.
O caminhão Mercedes Benz (placa GMM-1226), pertencente à prefeitura, acabou batendo na lateral de um Honda Civic, quando os dois veículos seguiam, pela Praça Dr. Emílio da Silveira, em direção a avenida São José. Segundo o motorista do automóvel particular, o caminhão passou a ocupar a via que ele transitava e acabou colidindo na lateral de seu carro.
O acidente, considerado rotineiro, não teria grandes desdobramentos se a Polícia Militar (PM) não descobrisse que a CNH do motorista da prefeitura era falsa. Ainda no local, Silva disse que a prefeitura se responsabilizaria pelos danos ao Honda Civic.
Após o reconhecimento da necessidade de reparação do dano material ao proprietário do veículo particular, os PMs realizaram o trabalho de praxe, coletando os dados dos envolvidos dos veículos para o registro do boletim de ocorrência.
Como os documentos estavam regulares, os veículos foram liberados para os próprios motoristas, que foram orientados sobre as providências legais. Mas, após a liberação dos envolvidos, os policiais verificaram que o CPF (Cadastro de Pessoa Física) era inválido. Os militares cruzaram os dados com o sistema informatizado, que confirmou o documento do servidor público como inválido.
Diante da descoberta, os PMs foram até a casa do funcionário público, que é concursado, mas não o encontraram. Ele só foi localizado no bairro Vista Grande, na residência de seu pai.
Ligações
Questionado pelos policiais, o servidor público inicialmente entrou em contradição e depois acabou confessando que havia comprado a CNH de um homem conhecido como “Alexandre Pinguim”. O servidor se referia a Alexandre Lopes de Oliveira, morto em agosto de 2009 após ser baleado 13 dias antes na rodovia BR-491, próximo ao Trevo de Serrania.
Pinguim era conhecido no meio policial e cumpria pena - no sistema de albergue do Presído de Alfenas - por crime de estelionato.
De acordo com a versão apresentada, ele teria pago R$ 900 pela CNH falsificada. A compra teria sido intermediada, segundo ele, por um homem conhecido como “Gatica”, Jonathan Araújo Pichara, preso em 2007 em uma megaoperação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas. “Gatica” é filho de Nelson Pichara, que era conhecido como "Turco", assassinado em fevereiro do ano passado.
Diante da situação, a PM recolheu os documentos apresentados e o servidor público foi preso com base no artigo 304 do Código Penal, utilização de documento falso. O caminhão da prefeitura chegou a ser apreendido e encaminhado ao pátio credenciado pelo Detran-MG (Departamento de Trânsito de Minas Gerais).
O servidor foi liberado pela Justiça, voltou a trabalhar em outra função. De acordo com o secretário de Obras, Décio Paulino, setor onde funcionário atua, Silva está afastado da função de motorista. Ele deve responder a um processo administrativo.
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