Postado em segunda-feira, 3 de dezembro de 2012 às 02:01

Lago de Furnas fica abaixo da cota 762 e muda paisagem

O Lago de Furnas atingiu nas últimas semanas o nível mais baixo dos últimos dez anos. O volume de água atingiu 755 metros acima do mar, ou seja ficou abaixo da cota 762.


Alessandro Emergente

O Lago de Furnas atingiu nas últimas semanas o nível mais baixo dos últimos dez anos. O volume de água atingiu 755 metros acima do mar, ou seja ficou abaixo da cota 762 – nível mínimo que garante as atividades do turismo e da piscicultura. 

A Cota 762 foi definida na década passada como forma de proteger as atividades econômicas no entorno do reservatório de Furnas. Na época, a Alago (Associação dos Municípios da Região do Lago de Furnas) conseguiu firmar um pacto com o ONS (Operador Nacional do Sistema) para manter o nível mínimo em 762 metros acima do mar.

O deputado estadual Pompilio Canavez (PT), que presidia a Alago, já agendou para o próximo dia 18 uma reunião em Brasília com o presidente do ONS, Hermes Chipp, para discutir a situação do reservatório. Ele também vai coordenar nesta terça-feira, em Belo Horizonte, uma audiência pública para discutir os recursos hídricos no Estado.

Fotos: Daniel Beraldo/Folha do Lago

 

Antiga ponte, ao lado da Ponte das Amoras, reaparece com a seca no Lago de Furnas

Apesar do pacto, o secretário-executivo da Alago, Fausto Costa, explica que o ONS nunca quis assumir oficialmente o compromisso porque prioriza a geração de energia elétrica. Segundo Pompilio, o que ficou estabelecido com o pacto foi o compromisso do ONS de só reduzir o volume de água do reservatório em casos de extrema necessidade que ameaça a geração de energia elétrica. Por isso, Furnas Centrais Elétricas manteve as turbinas do reservatório ligadas durante a estiagem. 

As águas do Lago de Furnas também serviram para manter em funcionamento outras usinas hidrelétricas como a de Peixotos. “O reservatório é uma poupança, que acaba sendo utilizada em períodos de estiagens”, explica Pompilio.

O nível do Lago de Furnas atingiu na semana que passou 755 metros acima do mar, sete metros abaixo da cota mínima 762. Segundo o secretário-executivo da Alago, o mínimo para o sistema elétrico continuar operando é 750 metros acima do mar. Abaixo disso, o sistema entra em colapso.

Na avaliação do presidente da Colônia dos Pescadores Profissionais de Alfenas Z-4, Celso Fernandes, o início de operação da hidrovia seria um fator importante para que o ONS assumisse o compromisso para não baixar o nível da represa, hoje utilizada prioritariamente para a geração de energia elétrica.

Reflexo na paisagem

A situação do Lago tem provocado mudanças nas paisagens da região da represa. Pontes e estradas de terra que há anos não apareciam estão novamente à mostra. Em muitos locais, onde antes havia água, agora parece mais um deserto.

A antiga ponte, entre Campos Gerais e Alfenas, pôde ser vista nos últimos dias. Ela fica ao lado da Ponte das Amoras, construída após o início do reservatório.

Foto: Daniel Beraldo/Folha do Lago

 

ONS prevê mudanças nos próximos dias com o início do período de chuva


Essa é a terceira ponte que aparece nos últimos dias de seca na região. No distrito de Pontalete, em Três Pontas, uma travessia que era utilizada pelos moradores para o deslocamento até Elói Mendes reapareceu. A última vez que ela havia ficado exposta foi há 10 anos, quando o nível do lago registrou a pior baixa da história. Outra ponte que também veio à tona foi entre Boa Esperança e Campo Belo, que era utilizada pelos moradores na década de 1960.

Início do período de chuva

Em um encontro na semana passada, Chipp adiantou a Pompilio que a situação vivenciada no Lago de Furnas ocorreu devido ao fenômeno El Niño, que provocou um período de estiagem na região Sudeste. Porém, o fenômeno já perdeu força e essa tendência foi revertida.

Pela previsão do presidente do ONS, os efeitos das chuvas no Lago de Furnas deverão começar a surgir nos próximos dias, quando o nível da água começará a subir. Por enquanto, a água da chuva está sendo absorvida pela terra ressecada devido o período de estiagem. 



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