Postado em quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bate-boca e restrições à imprensa marcam visita de Anastasia

A visita de Antonio Anastasia, candidato ao Governo de Minas, foi marcada pela dificuldade da imprensa em atuar.


Alessandro Emergente

A visita de Antonio Anastasia (PSDB), candidato ao Governo de Minas, a Alfenas foi marcada pela dificuldade da imprensa em atuar. Assim, como na primeira visita de campanha, assessores do governador limitaram o trabalho da imprensa prejudicando a atuação de repórteres e fotógrafos.

Prensados pelo público no corredor que dá acesso ao pátio de embarque e desembarque, os jornalistas foram impedidos, em boa parte do tempo, de aproximar do local onde Anastasia seria recepcionado.

Irritados com a dificuldade imposta pela assessoria tucana, jornalistas de diversos órgãos reclamaram e chegaram a bater boca com os assessores. Somente após o episódio é que o acesso dos jornalistas foi liberado.

Fotos: Henrique Higino

Assessoria dificultou o trabalho da imprensa. Em outro momento, fotográfos ficam sem imagem de candidatos que preferiram van com vidros escuros

Anastasia chegou a Alfenas acompanhado pelos candidatos ao Senado Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS). A chegada, prevista inicialmente para às 15h30, só ocorreu por volta das 17h.

O atraso foi atribuído a coincidência de agenda entre o tucano e seu adversário, o candidato ao Governo pelo PMDB, Hélio Costa. Os dois visitaram, pela manhã, Pouso Alegre e tiveram que readequar a agenda. Ananstasia visitou Poços de Caldas, antes da chegada a Alfenas.

No aeroporto de Alfenas, Aécio demonstrou preocupação com o horário. Por diversas vezes, lembrou os correligionários que o tempo no local teria que ser rápido “para não perder o comércio aberto“.

Longe dos Olhos

Longe dos olhares da população e das lentes dos fotógrafos, Anastasia e a dupla Aécio e Itamar deixaram o aeroporto em uma van com os vidros escuros. Fotógrafos da assessoria do governador posicionaram em uma camionete, prontos para registrar os candidatos em uma pick-up que vinha logo atrás, mas ficaram sem as manjadas imagens.

Escondidos na van de vidros escuros, os políticos seguiram em direção ao centro passando pela rua José Constâncio da Silveira, avenida Lincoln Westin e pela Duque de Caxias, antes de seguirem pela avenida Artur Bernardes e chegarem ao comitê de campanha do governador, antigo imóvel utilizado pela Estação Alfenas.

Somente após a rápida visita ao comitê, o trio de candidatos seguiu em carro aberto e circulou pela Praça Getúlio Vargas.

Fotos: Henrique Higino 

Aécio, mesmo de olho no relógio, teve que parar para fotografias. Os três candidatos percorreram o centro da cidade 

Uma das presenças em Alfenas foi a do ex-embaixador brasileiro em Cuba Tilden Santiago. Liderança histórica no PT mineiro, o político hoje está filiado ao PSB.

À tarde, também estava prevista a presença do presidente do PT mineiro, o deputado federal Reginaldo Lopes, na Unifal (Universidade Federal de Alfenas). Candidato à reeleição, o petista cumpriu uma agenda de campanha na cidade.

Amor e Ódio

As acusações de restrições ao trabalho da imprensa marcam o currículo do grupo tucano no comando de Minas há oito anos. Uma política de comunicação eficiente, e ao mesmo tempo tido como ameaçadora a liberdade de imprensa, foi implantada com a chegada de Aécio ao Palácio da Liberdade em 2003.

O caso mais famoso de suposta restrição a liberdade de imprensa foi a saída do polêmico jornalista Jorge Kajuru da TV Bandeirantes, em 2004.

Kajuru foi suspenso e depois demitido após comentar ao vivo sobre a distribuição de convites por Aécio Neves para um jogo entre Brasil e Argentina, no Mineirão. Devido a distribuição de convites, os cadeirantes ficaram sem acesso ao estádio. O jornalista chegou a anunciar que retornaria, após o intervalo comercial, com uma entrevista com um cadeirante. Não apareceu mais. Aécio nega ter qualquer interferência no episódio.

Outro caso de demissão a jornalista após esbarrar nos interesses do tucano é o ex-editor de economia do jornal O Estado de Minas, Ugo Braga. Em 2003, o jornalista foi demitido após publicar uma nota sobre o desempenho do governador Aécio Neves, sob o título "Igual a Covas", revelando que o instituto de pesquisas Brasmarket, de São Paulo, havia realizado uma sondagem nacional sobre o desempenho de todos os governadores estaduais, em seu primeiro ano de mandato. Dos 27 mandatários, o chefe do executivo mineiro ficou no antepenúltimo lugar.

A lista de jornalistas que acusam o governo Aécio como responsável por exigir suas demissões é grande e inclui até o ex-diretor de jornalismo da TV Globo, em Belo Horizonte, Marco Nascimento.Veja aqui um vídeo, postado no You Tube, que mostra o assunto.

Ao assumir o Governo de Minas em 2003, o então governador Aécio Neves implantou um eficiente sistema de distribuição de informações a imprensa. Um setor tido como estratégico, a assessoria passou a ter, inclusive, uma agência de noticias sobre as atividades do Governo – o site Agência Minas foi retirado do ar durante o período eleitoral.

O cuidado com a imprensa passa pela boa relação com o comando dos grandes veículos de comunicação do Estado o que garante ao grupo uma “espécie” de blindagem nestes órgãos de comunicação.
Em Tempo

Após a publicação da reportagem, a Coligação Somos Minas Gerais enviou uma nota a redação na qual lamenta qualquer incidente que possa ter ocorrido durante a cobertura da visita dos candidatos. Afirma manter um relacionamento cordial com a imprensa e diz adotar procedimentos garantia de condições de segurança. (Leia a nota)

 

 



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