Postado em terça-feira, 17 de julho de 2007

Cadeia Pública de Alfenas está no limite


Henrique Higino

“Um barril de pólvora”. Assim o agente policial Ivanil Ferreira, único responsável pela manutenção do dia-a-dia de 120 presos, define a situação da cadeia pública de Alfenas. Os presos estão distribuídos em celas lotadas com até 15 detentos - pouco mais de 10 m² cada - e muitos detentos estão com doenças como hepatite e tuberculose.


Na foto acima,  Policial mostra precariedade da cadeia, bilhete de preso pedindo auxílio médico e remédios dos detentos

O problema só deverá ser resolvido no próximo ano, após o término da obra do presídio que está sendo construído pelo governo do Estado em parceria com a prefeitura. O presídio fica a quatros quilômetros do centro, próximo à estrada de Fama, em um local conhecido por antiga Granja São Judas Tadeu. A obra, que terá capacidade para 200 presos, deverá ser concluída em fevereiro de 2008.

Em entrevista ao Alfenas Hoje há pouco mais de um mês, o secretário municipal Leonardo de Souza Vilela (Defesa Social) garantiu que apesar do novo presídio ter capacidade para 200 detentos - e atualmente ter 120 presos na Cadeia Pública de Alfenas - não haverá remanejamento de condenados vindos de outras cidades. O motivo, segundo Vilela, é que há um déficit de aproximadamente 100 prisões, devido a crimes diversos, ainda não efetuadas.   

Enquanto as novas instalações não ficam prontas, os detentos da cadeia de Alfenas convivem com celas úmidas, com mau cheiro e as paredes tomadas por mofo. Os banheiros apresentam infiltrações por todo lado. O odor desagradável no interior das celas lembra  um cômodo que ficou muito tempo fechado e sem ventilação. A diferença é que está lotada e com presos respirando o mesmo sufocante oxigênio.

A precariedade da Cadeia de Alfenas e a exposição a doenças em que os detentos se encontram chamou a atenção da Juíza de Direito da Vara Criminal da Comarca de Alfenas, Adriani Freire Diniz Garcia. Ela enviou, este ano, um oficio à Câmara Municipal alertando para as doenças que alguns presos estavam desenvolvendo, devido as péssimas condições da cadeia. O próprio líder do prefeito, vereador Wagner Tarcisio de Moraes (PT), sugeriu, recentemente, através de indicação ao prefeito Pompilio Canavez (PT), o envio de uma equipe de dentista para atender os presos. O problema odontológico entre os presos atinge grande parte dos detidos. É fácil encontrar presos com os dentes esburacados e clamando de dores.

Quase todas as celas têm algum detento com problema de saúde. Um homem de 51 anos, acusado de homicídio e que pede anonimato, reclama de dor no peito. Disse que sente dores ao respirar e acredita que seja efeito “da friagem da cela”. Um outro detendo mostra papel alumínio, usado embaixo do colchão, para diminuir o contato com a umidade. “Queremos cumprir a pena, mas com dignidade”, desabafa Alexandre Ramos, mais conhecido por Batata, preso por roubo.

O agente policial Ivanil Ferreira - que deveria estar nas ruas desvendando crimes, mas está desviado de função, fazendo o serviço de agente penitenciário - acaba sendo responsável até pelos medicamentos que são distribuídos aos presos. Ferreira mostra os bilhetinhos, que freqüentemente recebe dos presos, pedindo auxilio médico. Ele mostra a caixa de medicamentos que são distribuídos aos detentos conforme a necessidade de cada um.

Na Polícia Civil há mais de 17 anos, o policial  revela que o maior perigo é contrair alguma doença nos rotineiros contatos que tem com os detidos. “Meu medo é levar alguma doença pra casa”, disse o policial. O agente policial ainda é responsável pela guarda das detentas e dos menores. Ele faz questão de ressaltar que conta com o apoio de um Policial Militar, que fica na parte externa, em cima da cadeia, e dos colegas da Polícia Civil.



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