Os frigoríficos de Minas Gerais estão acumulando prejuízos com a evasão ilegal do rebanho bovino para outros estados, principalmente para São Paulo. Conforme a Afrig (Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal), cerca de 10 mil animais são diariamente negociados nos estados vizinhos sem documentação fiscal e sem arrecadação de impostos.
Com a comercialização ilegal, os frigoríficos mineiros, além de encontrarem dificuldades para completar a escala de abate, estão com os custos elevados, uma vez que a oferta escassa eleva os preços dos animais. O resultado é o comprometimento da indústria e o aumento do desemprego no setor.
De acordo com o presidente da Afrig, Silvio Silveira, a situação é complicada e pode ser agravada caso não seja tomada providências. “Pedimos uma audiência com o governador do Estado para discutirmos e buscarmos soluções para o problema. A situação é crítica e prejudica toda a cadeia e os consumidores. Acreditamos que nos próximos dias será marcada a audiência. Além dos prejuízos acumulados pelas indústrias, a evasão do rebanho de forma ilegal tem feito com que a carne processada em Minas Gerais seja uma das mais caras do País”, alerta.
Ainda segundo o representante da Afrig, a comercialização ilegal acontece com maior expressão junto às indústrias de São Paulo. Como o rebanho do Estado vizinho foi reduzido nos últimos anos, dando lugar à agricultura, a oferta de animais está escassa e muitos frigoríficos optam por buscá-los em Minas Gerais. São negociados bezerros, garrotes, boi para confinamento e boi gordo.
Sem nota
“O problema é que boa parte das negociações acontece sem a emissão de nota fiscal e os produtores deixam de recolher a alíquota de 12% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Com isso, as indústrias mineiras estão com problemas na hora de adquirir a matéria-prima e, sem escala, são obrigadas a demitirem os funcionários porque não conseguem competir com as negociações sem notas fiscais. Arcam, ainda, com custos mais altos para compra dos animais, o que, inevitavelmente, influencia no aumento do preço da carne, repassado, em parte, para o consumidor final”, afirma Silveira.
Em Minas Gerais estão instalados 80 frigoríficos, que são responsáveis pela geração de 30 mil empregos diretos. A estimativa é que a cadeia empresa cerca de 250 mil pessoas de forma direta e indireta.
FAEMG
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