Postado em quinta-feira, 23 de julho de 2015
às 02:16
Princípio de motim é registrado no Presídio de Alfenas
O tumulto teria iniciado ainda na parte da tarde de quarta-feira e contornado somente à noite.
Denise Prado
Um princípio de motim mobilizou familiares de presos que estão abrigados na Unidade Prisional de Alfenas. O tumulto teria iniciado ainda na parte da tarde de quarta-feira (22) e teria sido motivada pela localização de um celular. Já a direção do Presídio disse que o caso foi devido a indisciplina.
Por segurança, os servidores que trabalham na administração e o corpo técnico foram dispensados mais cedo. Todos os agentes que se encontravam de folga foram chamados para conter os presos que promoveram gritaria e jogaram objetos nos corredores.
No final da tarde, familiares começaram a chegar às imediações da Unidade Prisional, alguns em desespero, pois a notícia que se tinha era de que alguém teria morrido no confronto. Esta informação teria vindo dos próprios presos que, de dentro das celas, ligaram para familiares.
A irmã de um dos detentos disse que eles (presos) passaram a ligar pedindo para que avisassem todos os familiares e que estes fossem para a porta do presídio, pois acreditavam que um interno teria morrido e que muitos seriam transferidos.
O resultado desta informação foi mulheres – irmãs, mães ou esposas – aflitas e chegando ao descontrole, e homens irritados pela falta de informação.
Um dos advogados presentes, Antônio Carlos Esteves, estava revoltado com o “descaso”, principalmente por parte da direção do presídio “que não veio até aqui e nem nos recebeu”. Segundo ele, os familiares se encontravam na porta da Unidade desde a tarde e até aquele momento, por volta de 19h30, ainda não havia informações sobre a real situação.
A direção do Presídio
Mais a noite, o diretor do presídio, José Roberto Fernandes, compareceu à porta e pediu para que não fosse fotografado, mas afirmou que daria todas as informações e que não esconderia nada.
De acordo com Fernandes, no período da tarde, a Unidade teve problemas de indisciplina, após um preso ter afirmado que teria apanhado de agentes “o que não é verdade porque eu acompanhei tudo”. O diretor ressaltou que este mesmo preso teria “problemas psiquiátricos” e após dialogar, o mesmo teria dito que apanhou dos outros presos da cela seis “que sempre apagam cigarros em sua cabeça”.
Logo após, segundo ainda o seu relato, o detento foi levado para fazer exame de corpo delito como todo procedimento legal. Ao retornar para a cela, o mesmo preso voltou a dizer que teria apanhado dos agentes e ai se instalou a desordem: detentos jogando objetos nos agentes, sendo necessária a intervenção.
O diretor afirmou que o tumulto já estava controlado e que ele mesmo dialogou com os presos das três celas que iniciaram o tumulto. Disse que todos ainda permaneciam no pátio até que se fizesse a transferência de oito deles. Os nomes dos transferidos seriam divulgados posteriormente por questões de segurança.
Para Fernandes, a transferência era inevitável pois “não há condições, em uma unidade superlotada, manter pessoas que querem o prejuízo de outros”. Lembrou ainda que os atos de uns prejudicam os outros e citou o caso de uma mulher que não pode entrar para a visita intima neste dia, além de que alguns presos ficarão sem televisão na cela.
Finalizando, o diretor afirmou que não houve agressão e nem ofensas, e que ele mesmo foi conversar com os 60 presos que se encontravam nas três celas. Por volta de 20 horas a situação foi normalizada.
O tumulto foi iniciado na tarde de quarta-feira e contornado no período da noite (Fotos: Denise Prado/Alfenas Hoje)
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