Postado em quinta-feira, 19 de agosto de 2021 às 14:39

Região de Passos tem 1,4 mil produtores de café atingidos

“Em Alfenas, por exemplo, o mais grave é que a geada afetou a planta internamente”


 PASSOS – Levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) aponta que 19.817 hectares de lavouras de café na região de Passos foram atingidos pelas geadas que ocorreram em julho, sendo 1.410 produtores impactados. A estimativa foi apresentada durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na última terça-feira, e coloca Passos como a quarta região mais afetada em Minas.

A pesquisa foi feita pelos técnicos da Emater, no final de julho, em dez das suas 32 unidades regionais e apontou que, nos 194 municípios mineiros consultados, 170 registraram ocorrência de geada em suas regiões cafeeiras (87,6%). Os resultados foram apresentados pelo coordenador de Cafeicultura da Emater, Bernardino Cangussu Guimarães.

A estimativa da área total atingida foi de 173.679 hectares, sendo a região de Alfenas a mais prejudicada, com 52.152 ha, seguida por Patos de Minas (37.201), Guaxupé (22.693), Passos (19.817) e Lavras (18.435). No Sul de Minas, além da maior intensidade do fenômeno, há o agravante do maior número de pequenos produtores, com impactos sociais mais relevantes, conforme lembrou Bernardino Guimarães.

De acordo com a Emater, 9.540 produtores foram prejudicados no Estado, sendo 86,9% deles no Sul de Minas. As regiões com maior número de afetados foram Alfenas (2.620), Guaxupé (2.020), Lavras (1.520) e Passos (1.410), seguidas por Patos de Minas (370).

“Em Alfenas, por exemplo, o mais grave é que a geada afetou a planta internamente”, disse.

Entre os atingidos, estão também os chamados viveiristas, responsáveis pela plantação de mudas de café, trabalho indispensável para a expansão da cultura no Estado, que tem raízes históricas na produção de café.

DOSSIÊ
A situação dos produtores é a questão mais urgente a ser equacionada, segundo afirmou a secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ana Maria Valentini, durante a audiência.

“Além das dívidas, precisamos de novos recursos para a renovação do parque cafeeiro. Vamos ter que alongar as parcelas a vencer até 2023 e temos que lembrar que os pequenos produtores já não têm acesso sequer a recursos de custeio. Suas dívidas são diretamente para revendas e cooperativas”, disse.

A secretária também afirmou que deve se reunir com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, e apresentar um dossiê com os prejuízos sofridos pelos cafeicultores e com sugestões de medidas urgentes para amenizá-los. A ideia é de uma intervenção do governo federal junto ao Banco do Brasil, um dos pilares do financiamento do setor e que detém boa parte das dívidas dos produtores. Segundo informações da ALMG, na visita à ministra, a secretária de Minas deve estar acompanhada de lideranças e técnicos da Secretaria e de outros órgãos especializados, como da Emater.

O presidente da Associação dos Cafeicultores do Brasil (Sincal), Armando Mattiello, estima em 25 milhões de sacas as perdas na produção nacional representadas pela geada, que se somam a outras 20 milhões de sacas pela seca no ano passado.

Esse quadro pode, segundo ele, levar o País de tradicional exportador a ter que importar o produto para dar conta do mercado interno.

“É o momento de repensar a cafeicultura. Os produtores precisam diversificar a produção e, de imediato, precisamos dar ao menos três anos de carência e mais cinco ou seis anos para começar a pagar suas contas”, sugeriu.

“Se você perde 20% da safra, é possível dar um jeito, mas pra quem perdeu 100%, não dá. Em algumas plantações na divisa de Minas com São Paulo não sobrou nem um pé de café. Muitos vão ter que replantar tudo. Aqueles que vivem só da cafeicultura estão à beira da fome e por isso precisamos fazer alguma coisa para socorrê-los”, avaliou o deputado Antonio Carlos Arantes, que apresentou, no início da reunião, um vídeo com depoimentos emocionados de vários cafeicultores do Sul de Minas.

FONTE: Folha da Manhã



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