Postado em sábado, 17 de julho de 2021 às 09:09

Entenda o papel da Fundação Hermann Weege nos cuidados com a fauna mundial

O Maior Centro de Conservação de Biodiversidade de Santa Catarina é responsável pela proteção de 40 espécies em risco de extinção


 Além de ser o primeiro zoológico da Região Sul e o terceiro mais antigo do Brasil, o Zoo Pomerode também foi o primeiro vindo de uma iniciativa privada. Criado pelo empresário e político Hermann Weege, o Zoo primeiramente abrigou, nos arredores de uma lagoa na residência de seu fundador, espécies de animais domésticos e selvagens, como capivaras, antas e porcos-do-mato.

Em 1941, o zoológico foi registrado no Ministério da Agricultura e, com isso, passou a receber animais, como macacos, águias e espécies exóticas, além das jaguatiricas, onças e animais de médio e grande porte que habitavam o local anteriormente. Nove anos depois de ser registrado, o Zoo Pomerode já realizava a criação de ursos e grandes felinos, como onças-pardas e leões. Nesta mesma década, pinguins, serpentes e peixes ornamentais reforçaram o plantel do zoológico.

A partir de 1977, a Fundação Hermann Weege – instituição sem fins lucrativos – tornou-se a mantenedora oficial do Zoo Pomerode. Com ela, todo o valor arrecadado é revertido para que o Zoo se mantenha ativo e, assim, proteja as espécies sob cuidados humanos. Somado ao lazer proporcionado pelos passeios, a Fundação também oferece um grande potencial pedagógico ao promover oficinas, palestras e gincanas voltadas para a conscientização ambiental.

Atualmente, o Zoo Pomerode é o maior BioParque de Santa Catarina – e também o maior Centro de Conservação de Biodiversidade –, contando com 1.011 animais de 242 espécies diferentes, sendo 26 espécies ameaçadas de extinção. Segundo o biólogo da equipe do Zoo Pomerode, Anderson Mendes Augusto, dentre essas espécies estão onças-pintadas, lobos-guará, macacos-aranha-de-testa-branca, jacucacas, jacutingas, saguis-imperadores e três espécies de micos-leões: o mico-leão-dourado, o mico-leão-de-cara-dourada e o mico-leão-preto. Seu principal objetivo é a conservação da biodiversidade, uma ação guiada pelos seus princípios mais importantes: educar e preservar.

A educação ambiental e a promoção de atividades socioculturais são partes essenciais da história do Zoo Pomerode. Afinal, através de seus programas de conscientização, o zoológico visa despertar o sentimento de empatia entre crianças e adultos para com os animais. Ao aliar aprendizado, conscientização e atividades ao ar livre, o Zoo tenta fazer com que seu público conheça os animais e entenda a sua importância para a vida no planeta – assim como os motivos para estarem ameaçados de extinção –, e, dessa forma, resultando no aprendizado sobre como podemos ajudá-los.

Além dos esforços do zoológico em conscientizar a comunidade, o foco do trabalho no Zoo Pomerode é todo pautado no bem-estar animal, contando com cerca de 40 pessoas dedicadas ao cuidado das espécies que ali habitam. Para isso, o zoológico criou o Programa de Bem-estar Animal, composto por seis partes:

1. O enriquecimento ambiental;
2. A nutrição;
3. Os cuidadores;
4. A medicina preventiva;
5. O condicionamento, e;
6. Os ambientes.

O enriquecimento ambiental é uma técnica que consiste na dinamização do ambiente, proporcionando novidades e desafios aos animais de acordo com suas necessidades biológicas. Os enriquecimentos podem ser sociais, físicos, sensoriais, cognitivos e/ou alimentares. Dessa maneira, o comportamento natural das espécies é estimulado.

A nutrição é proposta por uma equipe específica de Zootecnistas, que garantem a alimentação oferecida à fauna no Zoo seja completa em termos de nutrientes, oferecendo-os de maneira diferente em cada etapa da vida: crescimento, manutenção e reprodução. Para uma boa qualidade de vida do animal, a sua espécie, estado fisiológico e hábito alimentar são levados em conta, respeitando as suas necessidades específicas.

Os profissionais cuidadores também são essenciais para a manutenção do bem-estar desses animais. Esses profissionais são responsáveis pela execução prática das outras etapas do Programa de Bem-estar, realizando a limpeza e higienização dos ambientes, a reposição de substratos e participando de atividades de condicionamento.

Dessa forma, a medicina preventiva é realizada por médicos veterinários. Para que o papel de conservação da Fundação Hermann Weege seja completo, é preciso que a saúde física e psicológica dos animais esteja em dia. Devido ao fato de que cada espécie apresenta necessidades únicas, são previstas atividades de inspeção diária, vermifugação, vacinação e monitoramentos periódicos.

Em conjunto com a medicina preventiva, o condicionamento animal também é uma ferramenta essencial para a saúde dos animais, garantindo um maior controle e segurança. No Zoo Pomerode, a técnica é utilizada para lixar as unhas e coletar sangue de elefantes, avaliar a cavidade oral e a odontologia de hipopótamos, curativos em grandes felinos e ursos, além da auscultação cardíaca e pulmonar de chimpanzés.

E como última estratégia – mas não menos importante – para garantir o bem-estar animal: os ambientes. Pensados para as particularidades de cada animal, os ambientes formulados pela equipe do Zoo Pomerode levam em conta questões como temperatura, vegetação e estruturas. De acordo com Anderson Mendes Augusto, o zoológico tem investido bastante em relação à flora ao recuperar a Área de Proteção Permanente– APP às margens do córrego que corta o Zoo, algo que traz enorme benefício para as espécies locais, tanto de flora quanto de fauna. Somado a isso, a equipe também está trabalhando na substituição de vegetação exótica por vegetações nativas, apesar de ser um processo gradual, também conta como um incremento para o ambiente do local.

Os cuidados propostos pelo Programa de Bem-estar da Fundação demonstram a preocupação da equipe para com esses animais, que, em sua maioria, foram vítimas de maus-tratos e, por isso, não conseguem mais voltar para seus habitats naturais. Ademais, muitos representam a esperança de salvar a espécie da extinção, tendo o cuidado humano como fundamental. E essa não é a única preocupação do Zoo Pomerode, que também vê a sustentabilidade como uma questão de extrema importância. Em entrevista, Anderson Mendes Augusto conta que todos os resíduos orgânicos do zoológico agora são destinados a composteiras dentro do parque, que serão utilizados como adubo, ao invés de serem enviados a aterros sanitários.

Outro ponto importante para a sustentabilidade da fundação é a geração de energia elétrica: “Temos painéis solares instalados, que suprem as necessidades elétricas do parque, diminuindo o consumo de energia e, consequentemente, tendo uma redução do nosso impacto ambiental. É um objetivo da administração do parque torná-lo mais sustentável”, explica o biólogo.

FONTE: ND+



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