Postado em segunda-feira, 23 de dezembro de 2019 às 10:10

Abaixo-assinado com mais de 1 mil nomes pede que animais do Zoológico de Alfenas sejam transferidos

Dificuldades na reabertura devido a exigências do Ibama provoca mobilização para uso do espaço apenas como parque municipal.


Alessandro Emergente

Um abaixo-assinado, com 1.105 adesões até a publicação desta reportagem, pede que os animais que estão no Zoológico de Alfenas sejam transferidos para outra unidade. A alternativa, com isso, seria o fechamento do Zoológico e a reabertura do Parque Municipal Manoel Pedro Rodrigues.

O local está fechado para a visitação. Segundo o governo, o Parque Municipal vem sendo usado em projetos de educação ambiental e, por isso, sua utilização está restrita a esses projetos. Ainda segundo o governo, cerca de 6 mil crianças já passaram pelo Zoológico dentro das ações de educação ambiental voltada a estudantes.

A argumentação para o fechamento do zoológico é que com a exploração do local apenas como parque municipal, a reabertura para o público seria viabilizada com mais facilidade. Pela proposta na petição online, pela plataforma Avaaz, os animais seriam transferidos para santuários de animais.

A proposta é que animais sejam retirados e local funcione apenas como parque municipal (Foto: Reprodução/Facebook)


O exemplo apontado é o antigo zoológico de Pouso Alegre, transformado no Parque Natural Municipal Professor Fernando Afonso Bonillo. O local, que comportava grandes mamíferos como leões, além de uma diversidade de aves, foi transformado em parque e recebe, nos finais de semana e feriados, um grande público para visitação, na maioria famílias com crianças.

O documento é encabeçado pela Frente Mineira de Proteção Animal e tem um de seus organizadores o advogado Guilherme Abraão, que já solicitou a Prefeitura de Alfenas informações sobre as condições do zoológico. Segundo ele, em um post nas redes sociais, foi solicitada a lista completa de animais que estão abrigados no zoológico municipal, além de agendando de uma visita ao local.

Histórico conturbado

Nos últimos anos, as administrações municipais têm tido dificuldades em manter o Zoológico de Alfenas aberto ao público. Em janeiro de 2015, o local – que estava há mais de cinco anos fechado - foi reaberto durante a gestão do então prefeito Maurílio Peloso (PDT), reunindo um grande número de visitantes. 

Para isso, o local passou por um processo de revitalização, iniciado em 2008. Mas houve diversos atrasos na entrega da obra, originando novos cronogramas até a conclusão das obras no final de 2014. Até mesmo esse último cronograma teve atraso devido as dificuldades burocráticas para o cumprimento das exigências dos órgãos ambientais e de fiscalização. 

O zoológico já passou por várias adequações, mas abertura ao público segue impossibilitada (Foto: Arquivo/Alfenas Hoje)


Em dezembro de 2009, o Zoológico de Alfenas chegou a ser alvo de denúncias de maus tratos aos animais e de condições inadequadas dos recintos fizeram com que uma equipe do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da AGU (Advocacia Geral da União) viesse a Alfenas para fiscalizar o Parque Municipal. A fiscalização originou um termo de ajustamento de conduta que, inicialmente, previa a entrega do local com as adequações até dezembro de 2011. Esse prazo não foi cumprido e foram várias prorrogações até a reinauguração em janeiro de 2015.

Em novembro de 2014, o ex-diretor técnico do Parque Municipal, Robson Flávio do Nascimento, usou a tribuna da Câmara Municipal para fazer denúncias sobre supostas irregularidades no local. Uma comissão especial chegou a ser criada para averiguar a situação do local. O relatório da fiscalização, realizada no início de dezembro daquele ano, apontou que “aparentemente” as denúncias estavam sendo reparadas, porém a análise foi feita sem o acesso ao relatório do Ibama.

Uma relação com número de animais e espécies foi solicitada à Prefeitura (Foto: Reprodução/Facebook)


Em 2017, um crime chamou a atenção da população e da imprensa. Um jacaré do papo amarelo, que vivia há cerca de 15 anos no Zoológico Municipal de Alfenas, foi decapitado por criminosos que levaram o corpo do animal. A cabeça e as vísceras do jacaré foram encontrados em uma mata próxima ao Zoológico. O caso causou grande repercussão e um inquérito instaurado pela Polícia Civil investiga o crime.

Jacaré que foi decapitado e teve corpo roubado estava há 15 anos no Zoológico de Alfenas (Fotos: Juquiel dos Santos/O Pharol - Arquivo)


Na época, um outro abaixo-assinado também pediu a transformação do Zoológico de Alfenas em um parque municipal. O documento, porém, não foi acatado pela Prefeitura de Alfenas, que tem mantido a estrutura do zoológico.

Outro lado

No dia 18 de novembro, o prefeito Luiz Antônio da Silva (Luizinho/PT) foi a Câmara Municipal e respondeu questionamentos sobre o funcionamento do Zoológico. Disse que estava negociando a redução de multas, que chegam a R$ 1 milhão, para viabilizar a reabertura do Zoológico ao público.

Na ocasião, o prefeito defendeu que tem ocorrido avanços na reestruturação do Parque Municipal e que o local não está ocioso. A fala foi ao afirmar a existência de projetos educacionais voltado a estudantes que utilizam o Zoológico com autorização do Ibama.

Sobre a transferência dos animais, o prefeito afirmou que há dificuldades em executar esse tipo de medida devido à escassez de locais preparados para receber esses animais. Além disso, tem defendido a manutenção da estrutura do zoológico, que inclui veterinário, como forma de receber eventuais animais feridos.



DEIXE SEU COMENTÁRIO

Caracteres Restantes 500

Termos e Condições para postagens de Comentários


COMENTÁRIOS

    Os comentários são de responsabilidade exclusiva dos autores.

     
     
     
     

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Informamos ainda que atualizamos nossa

Estou de acordo