Postado em sexta-feira, 18 de abril de 2014 às 13:24

Com serviço questionado, Copasa lança programa para levar comunidade até a ETE

A Copasa lançou um programa para melhorar sua imagem junto à população.


Alessandro Emergente

Com diversos questionamentos sobre a qualidade do serviço prestado e o atraso na operação 100% do sistema de tratamento de esgoto, a Copasa decidiu lançar um programa para melhorar sua imagem junto à população de Alfenas.

A empresa, controlada pelo governo do Estado que tem 51% das ações, lançou uma iniciativa em que disponibiliza um ônibus para que as comunidades conheçam a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

A assessoria de imprensa da Copasa encaminhou um material informativo aos veículos de comunicação de Alfenas no qual apresenta os investimentos realizados no sistema de esgotamento sanitário. Desde 2004, quando a empresa passou a operar o sistema por meio de concessão pública, foram aplicados, segundo a Copasa, mais de R$ 43 milhões. 

 A Estação de Tratamento de Esgoto foi inaugurada em 2010 (Foto: Arquivo/Alfenas Hoje)

Esses investimentos, informa a empresa, incluem a construção de interceptores e redes coletoras de esgoto e a ETE, inaugurada em 2010. Mas apesar disso, o sistema nunca atingiu a sua plenitude e o esgoto de 4% do município ainda permanece sem tratamento, o que é confirmado pela Copasa.  

Mas o gerente do Distrito do Médio Rio Grande (DTMG), Ricardo Bruno, garante que o sistema adotado em Alfenas é “moderno e eficiente”, afirmando que “pode ser uma referência para toda a região por adotar um processo de tratamento que respeita a natureza”.

Questionamentos

A demora na implantação de 100% do sistema de tratamento do esgoto gerou ações na Justiça, movidas pela Procuradoria-Geral do Município durante a gestão passada. Além disso, a qualidade do serviço vem gerando questionamentos e dúvidas. 

Em janeiro foi registrada uma mortandade de peixes na represa, mas não ficou
comprovada a causa (Fotos: Alessandro Emergente/Arquivo)

No ano passado, uma pesquisa, desenvolvida pela Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), apontou Alfenas com o maior índice de poluição em todo o Lago de Furnas. O maior causador seria o esgoto in natura (sem tratamento), segundo o estudo. 

A Câmara Municipal chegou a convidar a pesquisadora Elizabeth Lomelino Cardoso, da Epamig, para que falasse sobre o estudo, mas até hoje a reunião não aconteceu. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) chegou a anunciar uma audiência pública sobre o tema em Alfenas, mas a reunião só foi realizada em Belo Horizonte.

Fiscalização in loco

Na última sessão legislativa da Câmara Municipal, o vereador José Carlos de Morais (Vardemá/PROS) chegou a lembrar que representantes do Arsae-MG (Agencia Reguladora de Servicos de Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitario do Estado de Minas Gerais) viriam fazer uma fiscalização in loco em Alfenas. O compromisso foi assumido durante a audiência pública em BH. 

Em outubro do ano passado, a unidade da Copasa no centro de Alfenas
apareceu com pichações (Foto: Marcelo Oliveira/Arquivo)

O mau cheiro próximo ao Náutico Clube levanta a suspeita de poluição e de problemas no tratamento de esgoto. Suspeita que foi reforçada pelo ambientalista Itamar Silva em um protesto realizado em março deste ano. Em janeiro, foi registrada uma grande mortandade de peixes no Lago

O programa anunciado pela Copasa

A Copasa anunciou o Programa Chuá, que consiste em visitas de estudantes do 2º ano do ensino médio à unidade de tratamento de esgoto. Mas, segundo a empresa, a população interessada também pode participar.

Há um sistema de pré-agendamento. Todas às quintas-feiras, às 9h, um ônibus sai da agência de atendimento (Praça Fausto Monteiro, 157, Centro) para conduzir as pessoas até a unidade operacional para uma visita técnica. Lá são acompanhadas pelos técnicos da Companhia, que fazem uma explicação detalhada de como a água, carregada de esgoto, chega à ETE e passa por um processo de eliminação das impurezas para ser lançada na represa de Furnas.

De acordo com a Copasa, a população também acompanha as diversas análises da água, realizadas no laboratório montado na própria ETE, que são feitas ao longo do tratamento e que garantem o seu nível de pureza, antes que ela seja devolvida à natureza. Os interessados podem obter mais informações sobre as visitas na própria agência de atendimento.

Os 4% restante

Segundo a Copasa, a construção de uma elevatória de esgoto no bairro Vila Teixeira vai permitir que os 4% restantes (população atendida pelas bacias do Vista Alegre e Vila Teixeira) sejam contemplados com o tratamento.

A empresa alega que o investimento não foi feito antes porque a Copasa aguardava decisão judicial para liberação de área para implantação de estação de bombeamento de esgoto para a transposição de bacia, recentemente definida. As obras nos dois bairros foram iniciadas em janeiro e a previsão é de que sejam concluídas até o mês de dezembro de 2014.

“A Copasa atende a todas as determinações legais para executar os serviços de coleta e tratamento do esgoto doméstico na cidade e a tarifa de 90% é cobrada apenas onde esse serviço é executado. Por isso, em alguns pontos da cidade uma pequena parcela da população paga apenas pela coleta e manutenção (corresponde a 50% do valor do consumo de água), até que sejam tratados a totalidade do esgoto coletado”, afirma o chefe do Departamento Operacional Sul (DPSL), Guilherme Frasson.



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