Postado em domingo, 18 de abril de 2010
Fuga de presos da Apac expõe fragilidade do sistema jurÃdico
Lussandro Felipe, o “Neguinho do Zé Bigode†é considerado pela Policia “um elemento perigoso. Mesmo assim foi transferido para a APAC
Henrique Higino
Lussandro Felipe, 30 anos, mais conhecido como “Neguinho do Zé Bigode” é considerado pela Policia Militar “um elemento perigoso”. O rapaz estava preso no Presídio de Alfenas acusado de roubo e teria, inclusive, trocado tiros com a policia durante uma abordagem.
Ele conseguiu fugir do presido, na companhia de outros dois detentos, em setembro do ano passado e foram recapturados um mês depois na cidade de Borda da Mata. Nesse período, “Neguinho do Zé Bigode” e seus amigos foram acusados de roubar propriedades rurais naquele município. Nos assaltos, algumas vitimas foram ameaçadas e agredidas.
Ao ser preso em um sitio (em Borda da Mata), “Neguinho” estava em um imóvel com dois revólveres calibre 32, um calibre 38, uma espingarda calibre 28 e um Riot Gun modelo 585 além de uma espingarda de pressão.
No sítio, os policiais encontraram também uma camionete Fiat Strada que havia sido roubada na cidade de Monsenhor Paulo e R$ 3.464 em dinheiro. Neguinho estava na companhia de outros três homens, dois eram fugitivos do Presídio de Alfenas.
Mesmo com esse “currículo”, “Neguinho” retornou ao Presido mas ficou apenas 64 dias preso. No dia 28 de dezembro, o rapaz conseguiu autorização da Justiça e foi transferido para a APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados).
Evandro de Paulo Brito, um dos detentos que fugiu do Presídio na companhia de “Neguinho” e teria agido em assaltos na zona rural de Borda da Mata, também foi beneficiado pela Justiça e seguiu o mesmo caminho de “Neguinho“, ou seja, foi transferido para a APAC.
Em destaqu, de boné, "Neguinho do Ze Bigode"
A dupla beneficiada pela Justiça ficou menos de quatro meses nas dependências da Apac. Os dois, juntamente com Marcos Leiber de Brito (outro detento da APAC), fugiram na noite desta sexta-feira (16/04).
A fuga do trio durou poucas horas. Eles foram recapturados pela Policia Militar dentro de um taxi no Bairro Pinheirinho, a caminho da cidade de Serrania. No veiculo foi encontrado uma pequena porção de maconha, mas ninguém assumiu responsabilidade pela droga.
Na Delegacia, os três confessaram que pretendiam fugir do sistema prisional. Eles foram conduzidos para o Presídio de Alfenas.
Em fevereiro deste ano, a PM realizou busca no interior do prédio da APAC e encontrou 5,25 gramas de cocaína e “16 pedaços de plástico cortados e semelhantes aos comumente usados para embalagem de drogas“. A cocaína foi encontrada por um cão farejador da Guarda Municipal.
Durante a revista dos policiais, dois homens, sendo um detento (Maycon da Costa Santos) pularam o muro e se esconderam num matagal. O outro homem que fugiu não cumpria pena na unidade e não foi identificado.
Presidente da Apac
A presidente da APAC, Ana Luisa Pereira Wagner, disse que a transferência de presos do Presídio para a APAC é feita após autorização da Justiça. Segundo ela, os critérios para o deferimento da Justiça leva em consideração o bom comportamento do preso, número de vagas na APAC, o pedido do próprio detento ao Juiz e ainda ter residência na Comarca de Alfenas.
De acordo com Ana Luisa, no caso do “Neguinho” e do Evandro os pedidos para cumprir pena na APAC foram feitos antes da fuga do presídio e dos crimes em Borda da Mata.
Um detento da APAC, que pediu para não ser identificado, disse que “Neguinho” e Evandro estavam com medo de retornar ao Presídio depois da recaptura “e isso pode ter motivado a fuga da Apac“.
O funcionamento do Fórum de Alfenas é de segunda a sexta-feira, por isso não foi possível ouvir a opinião do Juiz responsável pela vara criminal sobre o assunto.
Apac
A APAC está completando oito anos em Alfenas. O sistema foi criado ainda na época do “cadeião” e tem como objetivo ressocializar o detento, dando oportunidade de ser inserido na sociedade. O modelo é empregado em varias cidades do pais. A sede da APAC não possui guardas e nem muros altos.
Atualmente 17 detentos cumprem pena na unidade. Todos trabalham em atividades como fábrica de blocos, horta de verduras e na manutenção da unidade.
Apesar da “fragilidade” do prédio, os detentos que aderem a filosofia da APAC tem a oportunidade de ficar longe do crime e começar vida nova. É o caso de M.S.P, 36 anos. Ele foi preso por roubo, fugiu de várias cadeias e quando conheceu o sistema APAC resolveu cumprir o restante da pena (quatro anos). Hoje, estuda e pensa em fazer uma faculdade.
“Quando vim para a APAC estava com intenção de fugir, mas ao conhecer o sistema e as pessoas responsáveis mudei os planos”, disse o detento, que completou: “aqui não tem homens armados ao nosso lado e sim pessoas boas que querem ajudar”.
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