Postado em sexta-feira, 9 de novembro de 2018 às 09:38

Pesquisa da Unicamp identifica casos de overdose por droga sintética mais forte que MDMA

Estudo identificou substância ´N-etilpentilona´ e faz alerta sobre efeitos. PF indica áreas de circulação e diz que ela foi 2ª mais detectada entre drogas sintéticas apreendidas em 2017....


 Pesquisadores da Unicamp descobriram casos de intoxicação e overdose provocados por uma nova droga sintética que contém a substância N-etilpentilona, também conhecida como efilona. Usada como se fosse ecstasy, sobretudo em festas, ela circula em comprimidos semelhantes, tem poder estimulante, mas produz efeitos diferentes que podem resultar na morte dos usuários.

Os trabalhos são conduzidos na universidade por meio do Laboratório de Toxicologia Analítica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas (CIATox). Durante os estudos, foram analisados sangue e urina de seis pacientes que ingeriram superdosagem de drogas sintéticas e, em todos os casos, a substância nova foi identificada. Veja, abaixo, balanço da Polícia Federal.

"Ela vai provocar principalmente o aumento da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, e isso desencadeia principalmente infarto agudo do miocárdio e, no caso mais grave assim, a gente observa também o acidente vascular cerebral [AVC]", explica o farmacêutico Rafael Lanaro.


O farmacêutico Rafael Lanaro, da Unicamp — Foto: Reprodução / EPTV

As pesquisas tiveram início em 2017 e, como a droga era desconhecida, os cientistas precisaram desenvolver uma metodologia para identificar a substância. As análises de sangue mostraram que pequenas quantidades são suficientes para provocar danos no organismo. Um dos seis pacientes morreu, enquanto o outro está em estado vegetativo por causa das sequelas de um AVC.

"É um dos fatores que é considerado possivelmente uma droga mais potente que o MDMA [...] Vai atuar no sistema de dopamina, responsável pelo efeito estimulante, o estado de agressividade. O ecstasy ele atua mais no sistema nervoso central, tendo efeito mais de alucinação", conta Lanaro.

Um professor atualmente em tratamento para desintoxicação contou à reportagem ter consumido drogas sintéticas por dez anos e admitiu que, em muitas das vezes, desconhecia os produtos. "Já estamos às vezes sob o efeito de álcool e qualquer coisa que venha a surgir, né? Com a facilidade de ingerir, a gente acaba ingerindo. Sem mesmo ver nem saber o que está usando" lamenta.


Droga sintética apresenta substância N-etilpentilona — Foto: Reprodução / EPTV


Ações da PF

Dados fornecidos pela Polícia Federal à EPTV indicam que a N-etilpentilona foi a segunda substância mais detectada entre as drogas sintéticas em 2017. A circulação foi identificada no anterior, de acordo com a instituição, também constam casos na Europa e Estados Unidos.

"Foram 816 comprimidos e 29,5 kg de cristais apreendidos pela Polícia Federal e periciados em 2017", diz nota da PF ao mencionar que o montante supera o dobro da quantidade de cristais de MDMA (droga sintética mais identificada) apreendidos e que passaram por perícia no período.

As principais apreensões ocorreram nas regiões Sudeste e Sul do país, incluindo cidades como Campinas (SP), Itajaí (SC) e Curitiba (PR). "Também foi a substância mais encontrada em misturas feitas com outras DS [drogas sintéticas] comercializadas no mercado ilícito", destaca a polícia.

212 unidades no Deinter-2

Na região do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter-2), que abrange a região de Campinas, as seccionais subordinadas registraram ocorrências relacionadas a tal tipo de droga nas unidades de Bragança Paulista (SP) e Serra Negra (SP). Foram quatro casos em 2017 e um caso em 2018, totalizando 212 unidades da substância.

Comunicação

Diante dos resultados, o CIATox resolveu fazer um comunicado em rede social para alertar sobre os sintomas aos usuários, que muitas vezes usam drogas sem conhecer a presença da N-etilpentilona.

"A gente alerta os médicos sobre quando atenderem casos de pacientes com drogas sintéticas, jamais ir pela via clássica, achando que é uma substância. Podem ser substâncias novas, nesse caso a etilpentilona, então ele tem que ter um cuidado a mais com esse paciente para poder ser identificada essa substância e como tratar essas intoxicações para drogas novas", conclui Lanaro.


Estudo da Unicamp teve início no ano passado — Foto: Reprodução / EPTV



Fonte:G1



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