Postado em segunda-feira, 11 de dezembro de 2017 às 11:11

Em entrevista ao Superesportes, Wagner comentou relação com Minas Arena

Presidente eleito para o próximo triênio conversou com o Superesportes e também comentou situação financeira e momento de turbulência política...


   

Eleito em 2 de outubro, quando derrotou o candidato de oposição Sérgio Santos Rodrigues em um dos pleitos mais apertados da história recente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá só tomará posse no dia 18. Porém, já trabalha para manter o clube nos trilhos, ainda que admita não ter acesso a tudo nas áreas administrativa e financeira. O desafio é grande, visto que a Raposa está endividada e não tem recursos para contratações. Apesar disso, ele acredita que será possível brigar por títulos em 2018, inclusive da Copa Libertadores, principal objetivo da equipe. “Com três reforços o (técnico) Mano (Menezes) resolve o problema dele”, diz o futuro mandatário da Raposa, que pretende delegar poderes a cinco vice-presidentes, sendo um deles o braço direito Itair Machado, que cuidará do futebol. 

 

Qual a principal mudança na vida depois que virou presidente do Cruzeiro?

Nós mudamos toda a nossa rotina. Eu até vou parafrasear o atual prefeito Alexandre Kalil, que disse em entrevista que administrar um clube de futebol é muito mais complexo e difícil que administrar Belo Horizonte. Estou sentindo isso. Primeiro, porque a gente perde uma das coisas pelas quais a gente mais luta na vida, que é a liberdade. Antes, saía com tranquilidade na rua. Hoje sempre tem alguém pedindo para tirar fotografia, por enquanto, graças a Deus. Pois sei que se um dia tivermos problemas de resultados o mesmo que pede para tirar foto joga uma pedra. Nós temos que nos preparar. É um desafio a mais. Costumo dizer que o que move a vida da humanidade são os desafios. Se pararmos e nos acomodarmos, não chegamos a lugar algum. Eu como pretendo ter uma perspectiva de 200, 300 anos pela frente... vou explicar isso: o chinês pensa 500 anos para frente. Se ele pensar num curto espaço onde vive, a humanidade não desenvolve. Então estou pensando lá na frente. Quero deixar uma semente que possa brotar e dar frutos”.


Como avalia a turbulência política no clube?

“Interessante. No Cruzeiro nós temos momentos de oposição e divergência na política. E eu acho que toda unanimidade é burra. O que faz a gente ter ideias é exatamente essa divergência. O importante é que, passadas as eleições, possamos fazer uma administração com todos. Tanto é que o nome da nossa chapa era União. Meu primeiro discurso foi: ‘agora que passou a eleição, vamos participar todos. Somos um único Cruzeiro, temos um único objetivo, nos encontramos nos mesmos lugares, sempre as mesmas pessoas’. Essa turbulência é natural. O presidente Gilvan nos apoiou, a diretoria nos apoiou e, com isso, tivemos uma força maior. Agradeço pelo apoio. Com certeza, como grandes cruzeirenses que são, vão continuar nos apoiando nessa caminhada”.

Tem estratégia para unir os conselheiros do clube? Poderia colocar conselheiros em cargos como forma de conseguir essa união?

Eu sou profissional. Não penso assim. Você falou em conselheiro, eu não penso assim. Penso em pessoas certas nos lugares certos. Tanto é que vou trabalhar no Cruzeiro com cinco grandes áreas. Eu diria cinco vices-presidentes: um de futebol, um administrativo, um financeiro, um jurídico e um comercial, que vou dar um nome diferente. Temos que atingir essa massa imensa de 9 milhões de torcedores.

Futebol é o vice de futebol Itair Machado. Administrativo é o Hermínio Lemos. Financeiro é o Divino Alves. Jurídico é o Fabiano Oliveira Costa. E executivo é o Marco Antônio Lage. Na categoria de base, como eu falei um pouco antes, o futebol será uma linha só. Esse vai ficar sob responsabilidade de nosso vice-presidente Itair Machado. Naturalmente, pela grande experiência que tem, procurará o nome certo para o lugar certo. Vai me consultar, mas é uma resolução da parte dele. O Ronaldo Granata é o segundo vice nosso. O estatuto é bem claro. O primeiro vice-presidente substitui o presidente nos seus impedimentos. E o segundo vice substitui o primeiro. É estatutário.

Como estão trabalhando para buscar recursos e superar a crise financeira?


Como estou dizendo, nessa área comercial, marketing, comunicação e T.I., temos diversos projetos em andamento nos quais traremos recursos fora do futebol. Naturalmente, o futebol precisa ser uma área produtiva. Se nós formarmos atletas de base, jogarmos no profissional e fizermos boas negociações, será uma fonte de recursos. Esses recursos serão totalmente reinvestidos na área do futebol. Além disso, teremos recursos extra futebol, que vêm da área comercial. Temos produtos incentivados, projetos incentivados, planos para atingir os 9 milhões de cruzeirenses. Vocês sabem do tamanho do mercado virtual. Temos uma equipe competentíssima liderada pelo Marco Antônio Lage, com o Serginho, a Adriana, o Marcone... Vamos atingir esse público, e, com certeza, teremos retorno na área comercial. Além disso, já está na fase de registro um Instituto 5 Estrelas. Esse instituto terá o objetivo de formar cidadãos e atletas. Através desse instituto faremos convênios com universidades e escolas de formação. Vamos criar o sócio institucional. Esse sócio obterá vantagens diretas e palpáveis. Já estamos estudando com a PUC desconto de 20% nas mensalidades da universidade. Com as demais escolas em torno de 20 a 25%. É uma categoria de sócio de vantagens. Como temos 9 milhões de adeptos, creio que podemos ter, de início, 100 mil, 200 mil, 1 milhão. Vão ter vantagens. Isso aqui vai ser uma fonte de renda extra para o Cruzeiro. Vamos não apenas equilibrar, mas também teremos recursos para criar novos projetos.

Qual a solução para as dívidas?


Temos dois tipos de dívida. Não é privilégio do Cruzeiro, o esporte total está endividado. Tanto é que foi criado o Profut e uma espécie de Refis. Essa dívida está consolidada em todos os clubes. É em longo prazo. Há uma amortização menor mensal, é plenamente administrada. Todos os clubes brasileiros têm a dívida em curto prazo. Esta é criada por um desequilíbrio de entrada e saída de receita. Se não souber administrar essas duas pontas, vai ter déficit. Meu primeiro objetivo, como fiz em todas as empresas que administrei, é equilibrar. Segundo, aumentar a receita.

No futebol nós podemos também administrar. Por exemplo, a Toca I, até há pouco tempo, havia 190 garotos. Hoje está em torno de 90. Tem que ter qualidade. Se chegar aos 90 sem qualidade, substituem os que não estão com qualidade. Não adianta inchar com jogadores. Hoje temos 25 emprestados (no profissional), com o Cruzeiro pagando parte (dos salários). E quando é parte, é o seguinte: dos 100%, pagamos 70%, o outro time 30%.

Mas como diminuir custos sem perder qualidade na equipe?


Não falei do futebol especificamente, mas da parte administrativa. Mas pode ser no futebol também. Na Toca I, por exemplo, tínhamos 190 jogadores. Diminuímos para 120, pois o que temos de ter (na base) é qualidade. Se não tem qualidade, substitui. Só nisso já diminuímos uma despesa grande. Outro ponto: hoje temos 25 jogadores emprestados, que nos custam quase R$ 2 milhões por mês.

Sua gestão vai enxugar a estrutura do Cruzeiro?

Fala-se que a sede administrativa do Cruzeiro é inchada. Eu também ouvi falar. Nós não entramos diretamente na administração. Isso é um problema que terei de resolver quando entrar. O que eu sei é que há muita gente competente, mas em funções erradas. Exemplo: um profissional bom na comunicação está na área da informática. De repente não é o ideal, não é por aí que vamos chegar. Então vamos colocar as pessoas certas nos lugares certos.

Prevê demissões na sede?

Não posso prever algo que não sei. Ouvir falar é o que dá mal-entendido. A própria imprensa cria coisas. Está inchado? Tenho que ir lá ver se está mesmo.

Futebol

No futebol vocês já definiram as prioridades para contratar?

Dentro da nossa ética profissional, não posso entrar direto na administração. Mas nos foi aberta a área do futebol, pois temos de fazer um trabalho para 2018. Por meio de pré-contrato, mantive o que eu costumo chamar de maestro. Se você pegar uma orquestra, há muitos elementos, mas o maestro que faz os arranjos. Se perder um cara do fundo, você substitui. O maestro é mais complicado. Então mantivemos o maestro e sua equipe técnica. No departamento médico fizemos modificações, não só para reformular, mas também para atender nosso departamento. Onde pudemos entrar, nós entramos. E estamos procurando dois ou três reforços pontuais por indicações do Mano Menezes e do Itair Machado. O Cruzeiro já tem um dos melhores grupos do Brasil. Com esse grupo, somos concorrentes a qualquer competição. Mas todos nós sabemos que precisa de mais um homem de área, com as características que o Mano prefere. O Mano já gosta de um que se movimenta mais, que fique integrado a esse conjunto do Cruzeiro. Se um técnico encaixa um marcador de gol, vamos melhorar nossa performance. Vamos precisar de reforços na lateral direita e na lateral esquerda. Infelizmente temos dois laterais que estão contundidos, que são o Ezequiel e o Galhardo.

Por falar nisso, Galhardo fica?


Vai depender da comissão técnica e dos médicos.

Há algum atacante na mira do Cruzeiro hoje?

Não falo sobre nome, pois inflaciona demais. Os clubes reclamam de salários altos, que não dá para concorrer com o exterior, mas na hora H, entram na disputa. Cada vez que você fala um nome, sobe o valor. Temos vários nomes recomendados pelo Mano e estudados pela diretoria. Estamos procurando.

O presidente Gilvan de Pinho Tavares foi um dos criadores da Primeira Liga. O senhor apoia essa iniciativa? É a favor que os clubes gerenciem o Campeonato Brasileiro, por exemplo?

A CBF efetivamente existe para tratar das disputas nacionais, de Seleção. De uma certa forma, coordena os clubes por meio de contratos com a televisão e outras coisas. Não sei muito bem a época em que foi criada a Primeira Liga. Na Europa, as ligas que comandam os próprios clubes. Mas a cultura europeia é diferente. Lá, as ligas dizem: ‘direitos de transmissão. São quantos clubes? 20!’. Dividem de maneira igual para os 20. Aqui no Brasil já temos problemas sérios. Chega o Corinthians e quer 60%. Chega o Flamengo e quer 60%. Só aí deu 120%. Se nós não tivermos uma conjunção entre todos os clubes, entre todos os demais, teria que partir por esse sentido. Mas você tem que ver que é um processo político. E aí vem a questão: se criar mais uma competição, o jogador aguenta? A não ser que tenhamos três times: um para a Liga, outro para o Campeonato Mineiro, outro para o Brasileiro. Esse é o grande problema.

No ano de 2018, o Cruzeiro tem Campeonato Mineiro, Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores, Copa do Brasil, Sul-Americana... aí vamos dizer, Primeira Liga. São seis competições em seis meses. Por que? Há a Copa do Mundo, que vai tomar dois meses. E depois tem eleição no Brasil. É complicado. Tem que olhar por esse ângulo. Vocês, jornalistas, têm que nos dar sugestões.

Aí tem que sentar todo mundo, ter peito e falar: ‘vamos fazer isso’. Aí vem um cara e fala: ‘este ano estou disputando a Libertadores, minha parte tem que ser maior’. Se os clubes sentassem e resolvessem democraticamente os problemas, tudo bem. Mas é a CBF que comanda o processo, para o bem ou para o mal”.

Dos jogadores que voltam de empréstimo algum será aproveitado?


Temos de conversar com o Mano, mas uma boa parte não deverá ser aproveitada.

OUTROS ASSUNTOS

Durante a campanha, falou-se em construir um pequeno estádio no Barro Preto ou na Toca da Raposa I. Isso está nos planos?

Não. Nossa ideia é assumir a Toca 3, o Mineirão, que é do Cruzeiro. Vamos sentar (com a Minas Arena) e discutir o que é melhor para os dois lados. Parceria tem de ser boa para todas as partes. Com conversa tudo se resolve. O que não pode é ficar brigando (há uma disputa judicial sobre valores). Quando os sócios brigam, a firma quebra.

O Cruzeiro vai renovar o contrato com a Caixa?

Acredito que sim. A Caixa patrocina quase todos os clubes brasileiros e não acredito que a gente vá ficar de fora. Mas temos de renovar com vistas à nossa condição atual, que será muito melhor no ano que vem. Vamos disputar a Libertadores e podemos estar no Mundial, então a exposição será bem maior. Vamos sentar e tentar chegar a acordo.

Haverá mudanças no vôlei?

Não. Já conversei com Alberto (Medioli, vice-presidente da modalidade) e o apoio é o mesmo. Temos até algumas coisas ideias para melhorar e vamos discuti-las.

 

Fonte: Super Esportes



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