Postado em domingo, 3 de janeiro de 2016 às 23:04
Atualizada em terça-feira, 5 de janeiro de 2016 às 01:49

Pista de Skate inutilizada desde a inauguração não pode ser recuperada nem com reforma

A obra que custou cerca de R$ 100 mil aos cofres públicos não é utilizada pelos skatistas por ter sido mal projetada. E nem uma reforma é capaz de recuperar o local.


 Alessandro Emergente

A pista de Skate “Saulo Davi da Silva”, inaugurada em 2009 durante a gestão do ex-prefeito Pompilio Canavez (PT), tornou-se o retrato do desperdício com o dinheiro público. O local, que deveria ser o espaço de encontro dos skatistas, não é utilizado pelos praticantes do esporte desde que foi inaugurada. Pior: nem mesmo uma reforma “salva” o espaço.  

O motivo da rejeição dos skatistas, que há anos sonhavam com uma pista adequada e – passados quase sete anos – continuam sonhando, é simples: o local foi mal projetada e, nem de longe, atende as necessidades de quem pratica o esporte. Pior: executar manobras no local é um risco a integridade física dos praticantes do esporte, em sua maioria adolescentes. Essa é a avaliação dos próprios skatistas, ouvidos pelo Alfenas Hoje em reportagens anteriores.

Em 2011, o Alfenas Hoje publicou uma reportagem que mostrava o abandono do local, que se tornou uma espécie de “elefante branco”, expressão utilizada popularmente para obras públicas sem utilização. De lá pra cá, nada mudou. A prefeitura investiu no local cerca de R$ 100 mil, dinheiro público desperdiçado. 

Pista mal projetada

O presidente da Associação dos Skatistas de Alfenas e Região (ASA), Fábio Sôssur (Fô), explica que a pista foi mal projetada. O espaço entre os obstáculos é curto, o que torna as manobras bastante arriscadas, avalia o representante dos skatistas.

A saída das rampas laterais é bastante íngreme, o que aumenta a velocidade na entrada da rampa central, responsável pelo salto. O problema é que o espaço após a saída da rampa central é curto, o que torna a manobra muito perigosa. Sôssur não recomenda o local para os pais levarem seus filhos para a prática do skate devido ao risco de acidente.

Nem reforma resolve

A decepção e a insatisfação dos skatistas com a “tão sonhada” pista ficou tão visível no dia da inauguração que o próprio prefeito, na época, prometeu, ao inaugurar o espaço, uma reforma, com a ampliação do local e instalação de cobertura. Pompilio deixou a prefeitura dois anos depois para se candidatar a deputado estadual e não chegou a cumprir a promessa. Empossado na Assembleia Legislativa, também não destinou emendas no orçamento estadual para reforma do local.

O problema é que nem mesmo uma reforma é capaz de corrigir os erros do projeto original e colocar a pista em condição adequada para a prática do esporte. Essa é a avaliação do secretário municipal de Esporte e Lazer, Fabiano Tamiett, que estuda uma solução para ocupação do espaço.

Tamiett disse que uma intervenção no local depende de recursos orçamentários e admite a dificuldade diante da crise financeira do país, o que afeta as finanças dos municípios. Afirma que ainda não há uma definição para o local, que pode, no futuro, ser anexado a uma creche localizada ao lado ou ser transformada em um outro tipo de espaço para lazer.

Sôssur concorda com o secretário e diz que para afastar os perigos da pista teria que destruí-la e “começar do zero”. Quando a pista estava em construção, afirma que chegou a procurar os responsáveis técnicos pela obra para apresentar sugestões como representante dos skatistas, mas não foi ouvido. Na época, Sôssur era opositor da gestão de Pompilio Canavez, com quem chegou “bater boca” durante uma reunião, situação hostil que dificultou o diálogo.  

Abandono

A situação da pista de Skate “Saulo Davi da Silva” é de abandono. Sem a presença de quem pratica o esporte e sem nenhuma intervenção da prefeitura, tornou-se ponto de encontro para uso de drogas. Pinos vazios, utilizados para transportar cocaína, são encontrados na pista com frequência.

O mato tomou conta do local e invadiu parte da pista. Além disso, rachaduras nas rampas e danificações no piso são imagens comuns no espaço, que deveria ser utilizado no dia a dia para a prática esportiva.

Sem a pista de skate, os skatistas continuam sem um espaço fixo destinado a eles. A solução apontada pelo atual governo é a pista itinerante, que também é alvo de reclamações devido a sua não disponibilização constante.

Tamiett diz que a ideia é ouvir os representantes da ASA para definir um calendário, tornando a sua disponibilização itinerante e constante, passando por diversos bairros. No final do ano passado, por exemplo, chegou a ser cedida para um evento realizada na Praça Dr. Emílio da Silveira, ficando disponível para os skatistas.

Em Tempo

Após a publicação da reportagem, a assessoria da administração anterior entrou em contato com a redação para contestar a informação de que a pista de skate não tem funcionalidade desde a sua inauguração. Afirmou que não houve erro de projeto e sim a construção de uma pista com “nível de dificuldade maior”.

Além disso, a afirmação do governo anterior é que existe a necessidade de promover atividades esportivas para praticantes mais experientes. A reforma no local, segundo a antiga gestão, é “simples” e inclui limpeza pintura e reparos.
 

O mato invadiu parte da pista, que está danificada e com rachaduras. O local não é frequentado por skatistas desde que foi inaugurado porque, segundo o presidente da ASA (na foto), a pista foi mal projetada (Fotos: Alessandro Emergente/Alfenas Hoje)

 



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